São Paulo, sábado, 19 de agosto de 2006

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WALTER CENEVIVA

Octavio Frias de Oliveira

Tenho para com Octavio a lembrança das lições de vida que me transmitiu e da acolhida fraterna e generosa

OS QUASE 40 anos de conhecimento e amizade com Octavio Frias de Oliveira justificam o título e explicam a própria coluna, pois aqui tenho escrito para atender convite dele. A exemplar ligação profissional e de confiança se aproxima do mesmo tempo de existência, desde o final dos anos 60 no século passado. Tenho para com Octavio a lembrança das lições de vida que me transmitiu e da acolhida fraterna e generosa, em todos os momentos.
Quando Teófilo Cavalcanti faleceu (jornalista, escrevia esta coluna, juntamente com o exercício do magistério na Academia do Largo de São Francisco), as "Letras Jurídicas" precisavam continuar. Octavio me convidou para substituir Teófilo.
Já se solidificara a amizade com ele e com seu sócio Carlos Caldeira Filho, falecido em 1993. Aceitei e aqui estou, passados três decênios. Posso contar ao leitor que ouvi várias vezes, no curso do tempo, referências à escolha dos assuntos ou do rumo dos comentários que escrevi. Envolveram aspectos legais, constitucionais, políticos e até econômicos. Neles, nunca, nem por sermos amigos, nem por ser ele o dono do jornal, nunca, foi-me pedido por Octavio ou por alguém em seu nome para abordar o assunto de tal ou qual modo.
Essa é a linha reta de sua conduta, cuja importância o leitor perceberá, em jornal com o relevo nacional e internacional da Folha.
Foi natural, portanto, o grande número e a qualidade de pessoas que encontrei, no Instituto Tomie Ohtake, no lançamento do livro "A Trajetória de Octavio Frias de Oliveira", de Engel Paschoal (Editora Mega Brasil, 332 páginas), nesta semana. Chamo atenção para três pontos dessa biografia. Octavio e Carlos, tendo comprado a Folha, cuidaram, pensando comercialmente, de equipar o jornal com as melhores rotativas existentes no mercado mundial. Era necessário levá-lo aos leitores. O processo de distribuição ainda não contava com o apoio do transporte aéreo. A empresa formou frota de veículos, que entregava o jornal feito aqui, na alameda Barão de Limeira, dia após dia, em bancas de grandes cidades distantes centenas de quilômetros, até as dez horas da manhã. Acoplada a tais fatos industriais, veio a melhora radical da qualidade da Folha, sem a qual o equipamento não teria utilidade. Tudo foi reformulado e modernizado, na parte informativa, nos comentários, na amplitude das opiniões emitidas, acolhendo tendências e pluralismo de idéias.
Acompanhei-o de perto na Fundação Cásper Líbero, que Octavio presidiu a partir de 1968. Encontrou-a em período de sérias dificuldades financeiras, com repercussão em todos os setores. O equilíbrio econômico foi restaurado, a televisão foi inaugurada, a rádio recebeu melhoramentos. São os veículos eletrônicos que mantêm a fundação até o presente.
Evidente que em período tão longo os fatos curiosos e divertidos foram numerosos. Os momentos de tensão também sobraram. Um resumo de tudo, em poucas palavras, é impossível. Creio, porém, que em discurso recente, quando foi homenageado, Octavio Frias de Oliveira sintetizou as linhas pessoais que o caracterizaram por todos os decênios em que o conheço: "Não tenho outro testemunho a oferecer, exceto a crença no trabalho, o gosto pela inovação e a confiança no futuro. Que sempre haverá de ser melhor que o presente".


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