|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cassado, ex-professor quer voltar a dar aulas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com uma dívida de cerca de
R$ 680 mil com o governo federal, Eduardo José Antunes Netto Carreira é personagem de
um caso peculiar entre os bolsistas condenados pelo TCU a
devolver o valor de suas bolsas.
Em 2001, ele foi acusado de
falsificar o diploma de graduação, fazer doutorado em Barcelona com bolsa do CNPq e passar no concurso para professor
de história medieval na UnB
(Universidade de Brasília).
A acusação lhe custou a expulsão da universidade e, segundo ele, um constrangimento público. "Você já apareceu
no "Jornal Nacional" como um
falsário? Eu já. Quase morri."
Carreira admite que não tem
diploma de graduação, mas nega ter falsificado o documento
para entrar na universidade.
"No concurso da UnB, me pediram só carteira de identidade,
CPF e diploma de doutor."
Para o doutorado também
não lhe teriam exigido graduação. O Ministério Público atestou no processo que isso era de
fato possível, pois a Universitat
de Barcelona pode expedir diploma de doutorado sem homologar o de graduação.
Mas, de acordo com o TCU,
como as regras no Brasil são diferentes, o CNPq só poderia dar
bolsa de doutorado a quem
concluiu a graduação.
Além disso, em comunicado
ao TCU, a Universitat de Barcelona afirmou que o diploma de
doutorado do professor era
"sem validez profissional". Ou
seja: "o título de doutor assim
obtido não lhe confere qualquer direito (...) para pleitear
postos de trabalho que exijam o
grau de doutor".
O ex-professor da UnB, porém, acredita que a condenação
foi injusta. "Eu nunca desonrei
o país. Terminei a minha tese,
voltei ao Brasil e formei um
monte de gente."
Seis anos após a expulsão,
porém, ele diz que se reergueu.
Cita o prêmio que recebeu na
Espanha em 1992 pela tese, diz
que dá aulas em dois cursinhos
para preparar candidatos à diplomacia e afirma que publica
mais livros que antes.
Mas, em débito com o Tesouro -a dívida é "impagável",
diz-, ele ainda tenta retomar o
que perdeu com a ação no TCU.
Após ser expulso da UnB, ele
prestou vestibular para o curso
de história da universidade.
Tem aulas com muitos dos ex-colegas que, diz, articularam
sua saída. A eles e aos amigos
que diz ainda ter na academia, o
hoje aluno avisa: "Eu vou voltar
à minha cátedra".
(AP)
Texto Anterior: União cobra R$ 54 milhões de ex-bolsistas Próximo Texto: Educação: Primeira fase do vestibular da UFABC será hoje Índice
|