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ANÁLISE
O futuro do vírus H1N1 no planeta
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nem os dados já obtidos sobre a capacidade de transmissão e letalidade do vírus da gripe suína nem a análise de pandemias anteriores permitem
prever a evolução da doença pelo planeta, dizem pesquisadores dos EUA e do Reino Unido.
A tendência entre pandemias
de gripe tem sido de redução da
gravidade, mas ainda é cedo para prever uma "coexistência pacífica" entre homem e vírus.
"Considerando o longo e
confuso desempenho passado
da influenza pandêmica, é difícil prever o curso futuro da presente epidemia de H1N1", escreveram David M. Morens e
Jeffery K. Taubenberger, do
Instituto Nacional de Alergia e
Doenças Infecciosas dos EUA.
Eles lembram que a eficiência "modesta" de transmissão e
a possibilidade de uma imunidade preexistente por conta de
contatos anteriores com vírus e
vacinas são motivos para crer
que a pandemia siga um caminho mais "indolente". "A história das pandemias sugere que
mudanças nem na transmissibilidade nem na patogenicidade são inevitáveis."
Cientistas do Imperial College, de Londres, lembram que "à
primeira vista, os dados parecem implicar que esse novo vírus é relativamente fraco, com
índices de fatalidade em torno
de 0,5%, semelhantes ao teto
máximo do que se vê na influenza sazonal".
A equipe lembra, porém, que
o índice de mortes tem variado
entre países, e elas têm ocorrido em pessoas bem mais jovens
do que no caso das gripes sazonais. O contexto "ecológico" de
uma doença é fundamental para entender como ela se transmite e com qual virulência. A
palavra-chave é "coevolução", o
modo como dois organismos,
um hospedeiro e um parasita,
se relacionam com o tempo.
O biólogo Paul Ewald, da
Universidade de Louisville,
EUA, aponta um erro comum,
entre médicos e epidemiologistas, de achar que vírus e bactérias sempre tenderiam a formas menos virulentas, pois não
faria sentido matar o hospedeiro. Segundo ele, os vírus de gripe causam doenças moderadas
porque precisam da mobilidade do homem para se transmitir. Maior virulência significa
menor transmissibilidade.
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