São Paulo, quarta-feira, 19 de agosto de 2009

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ANÁLISE

O futuro do vírus H1N1 no planeta

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nem os dados já obtidos sobre a capacidade de transmissão e letalidade do vírus da gripe suína nem a análise de pandemias anteriores permitem prever a evolução da doença pelo planeta, dizem pesquisadores dos EUA e do Reino Unido. A tendência entre pandemias de gripe tem sido de redução da gravidade, mas ainda é cedo para prever uma "coexistência pacífica" entre homem e vírus.
"Considerando o longo e confuso desempenho passado da influenza pandêmica, é difícil prever o curso futuro da presente epidemia de H1N1", escreveram David M. Morens e Jeffery K. Taubenberger, do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA.
Eles lembram que a eficiência "modesta" de transmissão e a possibilidade de uma imunidade preexistente por conta de contatos anteriores com vírus e vacinas são motivos para crer que a pandemia siga um caminho mais "indolente". "A história das pandemias sugere que mudanças nem na transmissibilidade nem na patogenicidade são inevitáveis."
Cientistas do Imperial College, de Londres, lembram que "à primeira vista, os dados parecem implicar que esse novo vírus é relativamente fraco, com índices de fatalidade em torno de 0,5%, semelhantes ao teto máximo do que se vê na influenza sazonal".
A equipe lembra, porém, que o índice de mortes tem variado entre países, e elas têm ocorrido em pessoas bem mais jovens do que no caso das gripes sazonais. O contexto "ecológico" de uma doença é fundamental para entender como ela se transmite e com qual virulência. A palavra-chave é "coevolução", o modo como dois organismos, um hospedeiro e um parasita, se relacionam com o tempo.
O biólogo Paul Ewald, da Universidade de Louisville, EUA, aponta um erro comum, entre médicos e epidemiologistas, de achar que vírus e bactérias sempre tenderiam a formas menos virulentas, pois não faria sentido matar o hospedeiro. Segundo ele, os vírus de gripe causam doenças moderadas porque precisam da mobilidade do homem para se transmitir. Maior virulência significa menor transmissibilidade.


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