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JOSÉ LUIZ BIANCO (1931-2009)
A trajetória de um especialista em café
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Não era por desfeita que
Zé Luiz sempre recusava o
cafezinho que lhe ofereciam
quando ia a casas de amigos.
"Hoje estou ruim do estômago", inventava, para se safar.
Acontece que José Luiz
Bianco tinha olhar, olfato e
paladar diferenciados para a
bebida -por longos anos, foi
provador e classificador de
café. Era capaz de identificar
de longe um produto ruim.
Em 2006, publicou "A Trajetória do Café" -livro técnico mas também acessível a
leigos, afirma o filho Mário.
De família de italianos,
seus pais eram sapateiros e
anarquistas. Ainda criança,
começou a aprender o mesmo ofício, mas decidiu estudar no IBC (Instituto Brasileiro do Café). Foi trabalhar
em Santos numa multinacional exportadora de café.
Atuou ainda em Avaré, antes de ir para Jaú. Como funcionário do Banco do Brasil,
fez laudos sobre o produto.
"O banco não financiava café
se não tivesse certeza de sua
qualidade", lembra o filho.
Depois, numa volta à tradição familiar, abriu em Jaú
uma indústria de calçados,
hoje comandada pelos filhos.
Bravo, mas bem-humorado, foi do conselho de Saúde
da cidade e de um hospital.
Já planejava sua festa de 60
anos de casamento, daqui a
dois anos -presentearia a
mulher com um livro de poemas de amor de sua autoria.
Morreu quinta-feira, aos
78, de problemas cardíacos.
Teve cinco filhos, dez netos e
uma bisneta. A missa de sétimo dia será hoje, às 19h, na
igreja Matriz de Jaú (SP).
coluna.obituario@uol.com.br
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