São Paulo, quinta-feira, 19 de agosto de 2010

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MILITINO ALEIXO (1905 - 2010)

Combatente da Revolução de 32

FELIPE CARUSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A plateia entreolhou-se surpresa quando o locutor começou a descrição do funcionário aposentado mais velho: "Nasceu em 1905...".
Os presentes à celebração dos 75 anos do Departamento de Estradas e Rodagens de São Paulo (DER-SP), em 2009, ovacionaram de pé Militino Aleixo ao vê-lo levantar só com o auxílio da bengala, aos 104 anos, para receber a placa em sua homenagem.
Mais difícil, porém, do que viver tanto foi sobreviver às batalhas da Revolução Constitucionalista de 1932.
O conflito estourou e caminhões passaram recolhendo jovens da lavoura da cidade mineira de Frutal (MG), na fronteira com o Estado de SP.
Militino, aos 27, não teve tempo de fugir. A mãe, viúva, chorava e pedia a Deus para poupar a vida daquele que mais ajudava a sustentá-la entre os três filhos.
A experiência nas plantações de milho e arroz e de capinar a terra o transformaram num bom cavador de trincheiras. Ao fim da revolução, voltou a Frutal para trabalhar numa charqueada.
Elegante, só saia de terno, gravata e um lenço no bolso. Tinha um dente de ouro, dançava valsa como poucos e só não estava casado aos 44 porque trabalhava muito e cuidava da mãe.
Em 1949, porém, Maria Aparecida reparou nas qualidades de Militino. Casaram-se e foram para Barretos (SP), onde ele foi trabalhar abrindo estradas no DER-SP. Analfabeto, teve dois filhos e tinha medo de morrer antes de vê-los crescer.
Morreu na sexta, aos 105, em Barretos. Ele estava sereno, disse a filha. Deixa filhos, três netos e duas bisnetas.

coluna.obituario@uol.com.br


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