|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MILITINO ALEIXO (1905 - 2010)
Combatente da Revolução de 32
FELIPE CARUSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A plateia entreolhou-se
surpresa quando o locutor
começou a descrição do funcionário aposentado mais velho: "Nasceu em 1905...".
Os presentes à celebração
dos 75 anos do Departamento de Estradas e Rodagens de
São Paulo (DER-SP), em
2009, ovacionaram de pé Militino Aleixo ao vê-lo levantar
só com o auxílio da bengala,
aos 104 anos, para receber a
placa em sua homenagem.
Mais difícil, porém, do que
viver tanto foi sobreviver às
batalhas da Revolução Constitucionalista de 1932.
O conflito estourou e caminhões passaram recolhendo
jovens da lavoura da cidade
mineira de Frutal (MG), na
fronteira com o Estado de SP.
Militino, aos 27, não teve
tempo de fugir. A mãe, viúva,
chorava e pedia a Deus para
poupar a vida daquele que
mais ajudava a sustentá-la
entre os três filhos.
A experiência nas plantações de milho e arroz e de capinar a terra o transformaram num bom cavador de
trincheiras. Ao fim da revolução, voltou a Frutal para trabalhar numa charqueada.
Elegante, só saia de terno,
gravata e um lenço no bolso.
Tinha um dente de ouro,
dançava valsa como poucos
e só não estava casado aos 44
porque trabalhava muito e
cuidava da mãe.
Em 1949, porém, Maria
Aparecida reparou nas qualidades de Militino. Casaram-se e foram para Barretos (SP),
onde ele foi trabalhar abrindo estradas no DER-SP. Analfabeto, teve dois filhos e tinha medo de morrer antes de
vê-los crescer.
Morreu na sexta, aos 105,
em Barretos. Ele estava sereno, disse a filha. Deixa filhos,
três netos e duas bisnetas.
coluna.obituario@uol.com.br
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Crime: Polícia Federal faz operação contra exploração ilegal de diamantes Índice
|