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Delegado-geral aparece em grampo
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma autoridade envolvida na
investigação dos grampos telefônicos feitos pela Procuradoria da
República disse ontem à Folha
que o delegado-geral da Polícia
Civil de São Paulo, Marco Antonio Desgualdo, deu ordem a seu
assessor, o delegado Luiz Carlos
dos Santos, o China, para que
alertasse outro delegado de que
estava sendo investigado pela
Promotoria estadual.
Na conversa, captada em grampo no dia 15 de julho deste ano e
cujo resumo foi publicado ontem
no jornal "O Estado de S. Paulo",
o delegado-geral conta ao assessor que fora informado de que o delegado Antonio Carlos da Silva,
chefe da Polícia Civil no Vale do
Paraíba, estava com seu telefone
sendo monitorado pela Promotoria estadual e que a mulher
dele havia sido filmada em um
hotel ao lado de bicheiros.
Ontem, Desgualdo confirmou
ter tido o diálogo com China, mas
negou que tivesse mandado avisar Silva da investigação. "Nesse
caso, estava nervoso e pedi para que
se descobrisse o que estavam fazendo [o delegado e a mulher dele], porque teria de partir pra cima antes que outros fizessem.
Queria apurar a veracidade e me
adiantar", afirmou o delegado-geral, que ontem criticou a análise
isolada de trechos da conversa.
Em tese, segundo o Ministério
Público Estadual, o diálogo pode
caracterizar crime de prevaricação, já que Desgualdo teria determinado que o delegado fosse alertado sobre os grampos.
O caso, porém, está sendo analisado pela força-tarefa que recebeu da Procuradoria da República do Distrito Federal os grampos
do telefone de China.
Segundo Desgualdo, o caso da
suposta ligação do delegado com
bicheiros está sendo apurado pela
Corregedoria da Polícia Civil. Ele,
porém, não quis informar o resultado dessa apuração. "Na época, o
que se tinha era um boato de que
o Ministério Público estaria
grampeando o policial, por isso
mandei investigar", disse.
O delegado-geral disse ontem
que não teve acesso ao diálogo incluído na apuração federal e que
não se recorda dos detalhes da
conversa. No dia em que a gravação foi feita, ele estava em férias.
No grampo, Desgualdo teria
afirmado que recebera a informação sobre a investigação do ex-secretário da Segurança Pública do
Estado Marco Vinicio Petrelluzzi,
que é procurador de Justiça.
Ontem, o delegado-geral afirmou que a notícia não partiu do
ex-secretário, com quem diz não
falar desde fevereiro. Ele disse não
recordar da expressão que usou e
que pode ter dado a entender que
havia sido avisado da investigação por Petrelluzzi.
O ex-secretário também negou
ontem ter conversado com Desgualdo sobre a apuração no Vale
do Paraíba. "Estou sendo acusado
de passar algo que eu não sabia
para alguém", afirmou.
Para o delegado-geral, os remanejamentos de policiais feitos na
capital a partir de dezembro do
ano passado podem ter despertado "insatisfação" e "raiva" entre
policiais, que teriam usado seu
nome indevidamente e que acabaram grampeados pela Procuradoria da República.
Segundo ele, cerca de 1.500 investigadores, 700 delegados e 800
escrivães, dos 7.000 que trabalham na capital, foram remanejados de região desde a troca de comando na capital, em 6 de dezembro do ano passado.
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