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Pernambuco é Estado-chave na rota do contrabando
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
A Polícia Federal acredita que
Pernambuco tornou-se um dos
Estados mais importantes do país
na rota dos contrabandistas de cigarros chefiados por Roberto
Eleutério da Silva, o Lobão.
Geograficamente localizado no
centro do Nordeste, principal
destino das cargas vindas do Paraguai, e dividindo fronteira com
cinco dos outros oito Estados da
região, Pernambuco tornou-se
nos últimos anos o campeão nacional em apreensões de cigarros
contrabandeados, segundo a PF.
Em dois anos e meio, 8.475 caixas do produto, o equivalente a
4.237.500 carteiras, foram recolhidas pelos policiais federais em
ações feitas nas regiões do Agreste
e do sertão. O valor total da carga
é estimado em R$ 3.386.055,20
-sem contar as 102 caixas recolhidas em agosto, que ainda não
foram avaliadas pelos peritos.
A quantia parece muito, mas
ainda é pouca diante dos US$ 2
milhões (R$ 5,9 milhões) que o
grupo de Lobão movimentaria
por semana no país, segundo o
Ministério Público Federal.
As apreensões, porém, são relevantes para as investigações. Elas
indicariam, segundo o superintendente da PF no Estado, Wilson
Damázio, a forte presença da quadrilha na região. O serviço de inteligência da instituição, que rastreia a rota do contrabando, já
constatou que o transporte é feito
sempre por via terrestre.
As cargas são trazidas da região
Sudeste e levadas para galpões espalhados no interior pernambucano, onde são divididas e depois
distribuídas em veículos menores
para outras cidades.
Depósitos usados como entrepostos do contrabando de cigarros já foram encontrados pela PF
no município sertanejo de Serra
Talhada e, no Agreste do Estado,
em Caruaru, Bezerros e Gravatá.
Do sertão, os contrabandistas
teriam facilidade de acesso, pela
proximidade, com o sul do Piauí,
sul do Ceará e norte da Bahia. Do
Agreste, poderiam se deslocar,
com economia de percurso, para
o oeste da Paraíba e de Alagoas,
além do Rio Grande do Norte.
O destino final da mercadoria
normalmente são os grandes centros de compras populares, como
a feira de Caruaru, os "camelódromos" e os mercados públicos.
Nesses locais, o cigarro contrabandeado é vendido, em carteiras
ou unidades, em média 50% mais
barato em relação às mesmas
marcas legalizadas no país.
Pessoas presas durante as ações
da PF em Pernambuco confirmam esse roteiro. Só neste ano,
nove acusados de contrabandear
o produto foram flagrados pelos
policiais federais no Estado.
Cinco deles foram presos em 1º
de abril, em Bezerros, com 25 mil
pacotes de cigarros contrabandeados. Interrogados, eles disseram que a carga foi recebida em
um posto de combustível localizado no início da via Dutra, em São
Paulo, para ser entregue em Bezerros. Em Pernambuco, disseram, a mercadoria seria comercializada na feira de Caruaru e na
região metropolitana de Recife.
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