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São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2003

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SAÚDE

Resolução do Conselho Federal de Medicina proibirá que profissionais façam propaganda de medicamentos e autopromoção

Médico não poderá promover remédios


FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

O CFM (Conselho Federal de Medicina) publica nos próximos dias no "Diário Oficial" da União novas normas que deverão mexer com o ego -e o bolso- dos médicos que vivem da publicidade.
A resolução 1.701 proibirá que profissionais trabalhem como garotos-propaganda de produtos de medicina e façam autopromoção em detrimento da técnica. E o tratamento não poderá ser apresentado de maneira exacerbada, como se fosse milagroso.
Os médicos não poderão ainda divulgar técnicas e procedimentos que não tenham comprovação de estudos científicos, veicular dados imprecisos, que deixem a população assustada, e anunciar "capacidade privilegiada".
Segundo Rubens dos Santos Silva, secretário-geral do CFM, o médico anuncia capacidade privilegiada quando, por exemplo, vai a um programa de TV e afirma que só sua clínica dispõe de um equipamento. "Ele pode dizer que tem, mas não que é o único. Até porque não se produz só uma unidade de um aparelho."
O conselho também passará a não permitir que médicos exponham seus pacientes para mostrar competência. As novas regras foram debatidas por mais de seis meses pelos conselhos regionais.
"Médico lidam com o sofrimento, não podem enganar", afirma o secretário-geral.
Por determinação legal, cabe aos conselhos regionais de medicina e ao CFM a normatização e a fiscalização da atividade médica. Em razão disso, o Judiciário entende que as resoluções dos órgãos têm valor de lei. Nos conselhos, também funcionam tribunais que julgam o médico descumpridor das normas. As punições vão da advertência confidencial à cassação do registro.
O CFM revogou uma norma antiga sobre propaganda médica, de 1980, que não abrangia uma série de novas "práticas" dos profissionais relacionadas à publicidade.
A resolução 1.701 proibirá ainda que médicos aceitem prêmios -como os de "médico do ano"- que não sejam concedidos por entidades científicas.
Os consórcios para a realização de cirurgias -o paciente paga uma pequena quantia por mês e espera o sorteio- serão vetados na resolução. O conselho considera que a prática denota uma mercantilização selvagem da saúde.
Segundo Silva, os sites de assuntos médicos serão alvo, em breve, de regulamentação específica do conselho federal. "Alguns distorcem dados só para angariar clientela", diz o secretário-geral.


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