São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2003 |
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SP DESIGUAL Levantamento feito pela Seade mostra que só 1/3 dos municípios paulistas têm bons níveis de longevidade e escolaridade Ação social é adequada em 30% das cidades
CHICO DE GOIS DA REPORTAGEM LOCAL A produção de riqueza nos municípios nem sempre é traduzida em qualidade de vida para a população. Cidades consideradas ricas enfrentam dificuldades para levar a seus habitantes melhores condições de educação e saúde. Em contrapartida, municípios com baixo nível de riqueza no Estado de São Paulo possuem bons indicadores sociais. Essa conclusão é baseada no Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS), elaborado pela Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados) a pedido da Assembléia Legislativa. O resultado do levantamento foi divulgado ontem e refere-se ao ano de 2000. Um exemplo dessa distorção é Barueri, na Grande SP. Embora considerada a cidade com maior potencial de riqueza no Estado, somando 80 pontos de 100 possíveis, Barueri tem baixa longevidade e média escolaridade. Para efeito de estudo, a fundação dividiu os 645 municípios paulistas em cinco grupos: o primeiro agrupa 81 cidades e são considerados os municípios pólos; o segundo tem 48 municípios e são chamados de economicamente ativos, mas de baixo desenvolvimento social; o terceiro é composto por 211 cidades com nível de riqueza baixo, mas com bons indicadores sociais; o quarto agrupamento tem 191 municípios com baixo nível de riqueza e médio desenvolvimento social. O último grupo conta com 114 cidades que estão em pior situação. Segundo o levantamento, os municípios do grupo três, que representam cerca de 30% das cidades de São Paulo, conseguem, apesar de não serem considerados ricos, ter bons níveis de longevidade e escolaridade. Exemplo disso é a cidade de Oscar Bressane, que tem o melhor nível de educação no Estado e um dos melhores em longevidade. Para a Seade, esse agrupamento é chamado de "saudável". Já o grupo dois, onde estão os municípios com nível de riqueza elevados, não atinge bons indicadores sociais. Compõem esse agrupamento três categorias de cidades: turísticas, industriais e as de condomínios de alto padrão. Barueri e Cotia são exemplos. De acordo com os técnicos da Seade, pessoas com renda alta mudam-se para condomínios de luxo, agregando valor à terra e renda às estatísticas locais, mas não contribuem para melhorar a qualidade de vida dos moradores. No grupo um estão os municípios com elevado nível de riqueza e bons indicadores sociais, embora, sobretudo nos maiores, existam extremas desigualdades nas condições de vida de suas populações. Hortolândia, na região de Campinas, é um exemplo. As 81 cidades desse agrupamento estão localizadas ao longo dos principais eixos rodoviários do Estado (rodovias Anhanguera e Presidente Dutra). Concentram 62% da população do Estado. O pior agrupamento é o cinco, onde vivem 2 milhões de pessoas. São cidades de pequeno porte, localizadas nas áreas marcadas tradicionalmente pela pobreza e incapacidade local em obter avanços socioeconômicos significativos. A maioria está concentrada no Vale do Ribeira. O grupo quatro agrega municípios com nível de riqueza baixo, mas com níveis médios de longevidade e conhecimento. É o caso de Poá, na Grande São Paulo. Em todo o Estado, os índices de longevidade e escolaridade melhoraram em relação a 1997, ano do último levantamento. Em termos de riqueza não houve mudança: manteve-se em 60 pontos. Texto Anterior: Bahia: Relatora da ONU recebe denúncias de tortura Próximo Texto: Índice reuniu outros dados sobre municípios Índice |
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