São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2008

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Menino de 7 anos leva para casa granada achada na rua

Garoto brincou com artefato encontrado na volta da escola e chegou a arremessá-lo no chão

"Pensei que fosse uma pedra", disse Mateus Rodrigues da Silva; avô ligou para a polícia, que buscou o objeto na residência da família

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma granada encontrada no caminho de volta da escola transformou o garoto Mateus Rodrigues da Silva, 7, no herói de anteontem do Jardim Alviverde, subdistrito de Parelheiros (extremo sul da cidade).
Sem saber do que se tratava, Mateus brincou com o projétil, chutou-o, arremessou-o no chão e, o que é mais intrigante, saiu ileso da experiência.
A granada chegou intacta na casa de dois cômodos onde Mateus mora com a mãe, um irmão de um ano e dois meses e o avô, o respositor de mercadoria (nas prateleiras de um supermercado vizinho) Sebastião Vieira Rodrigues, 48.
"Liguei para a polícia e eles vieram buscar a granada aqui em casa", conta Sebastião. Segundo ele, o artefato foi acondicionado em uma caixa blindada e levado pelo Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), da Polícia Militar.
Mas, afinal, o que uma granada fazia no chão de terra de um ermo a 6 km da avenida Teotônio Vilela, a mais conhecida de Parelheiros, e a cerca de 40 km do centro de São Paulo?
A assessoria da Secretaria da Segurança Pública de SP não soube dizer. Afirmou apenas que a granada deverá ser detonada pelo Gate.
O avô do garoto diz que, na visita dos policiais, ouviu que poderia ser uma granada do Exército. No BO, informa-se que se tratava de uma granada M-36.
De acordo com uma fonte militar do serviço de fiscalização de produtos controlados do Exército, não é "um armamento de dotação" da força.
Não foi possível, sem ver o artefato, afirmar se se tratava de uma granada "defensiva", do tipo que espalha fragmentos e é mais agressiva, ou "ofensiva", usada para explodir trincheiras e na invasão de casas. A primeira tem relevos como um "abacaxi"; a outra é lisa.

Hora do recreio
Na escola onde Mateus cursa o primeiro ano do ensino fundamental, ele foi cercado ontem por coleguinhas que queriam mais detalhes da história que o deixou famoso na região.
"Pensei que (a granada) fosse uma pedra", diz ele. Conta que só estranhou a argola na extremidade. Chegou a puxá-la mas, com sua força de criança, não conseguiu mais do que fazê-la deslocar-se um pouco.
No relato para o jornal, na ladeira íngreme onde mora, Mateus é acompanhado por primos e coleguinhas da vizinhança, que o ajudam com detalhes eventualmente esquecidos da história que ele já contou "umas cem vezes".
Estão no portão, também, a mãe, Patrícia, 24, o avô e a tia, com três filhos pequenos. Eles esperam por mais repórteres. Mateus faz seu relato sorrindo marotamente, agora que aprendeu para sempre o que é uma granada.


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