São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2008

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"Maníaco" diz que foi torturado para confessar mais 2 crimes

Leandro Basílio Rodrigues, suspeito de ter matado ao menos oito mulheres, negou dois desses crimes durante interrogatório e alegou ter sido torturado

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao ser interrogado ontem pelo juiz Jayme Garcia dos Santos Junior, de Guarulhos (Grande SP), Leandro Basílio Rodrigues, 19, chamado pela polícia de o "maníaco de Guarulhos" e acusado de pelo menos oito homicídios, voltou atrás e, ao contrário do que havia dito em agosto à Polícia Civil, passou a negar ser o responsável pelo assassinato de Vanessa Batista de Freitas, 22, e por outro crime.
A partir de uma confissão de Rodrigues ao delegado Jakson Cesar Batista, do Setor de Homicídios de Guarulhos, ocorrida em 29 de agosto, a Justiça determinou que Renato Correia de Brito, 24, William César de Brito Silva, 28, e Wagner Conceição da Silva, 25, fossem soltos da prisão no último dia 3.
Os três estavam presos desde agosto de 2006 no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Guarulhos sob a acusação de violentar sexualmente e assassinar Vanessa, ex-companheira de Renato e encontrada morta em um matagal do Jardim Alice, periferia da cidade.

"Pressionado"
Durante o interrogatório feito pelo juiz ontem, Rodrigues disse que "foi pressionado" pelos policiais civis do Setor de Homicídios de Guarulhos para confessar a morte e a violência sexual contra Vanessa.
Ele também afirmou ao juiz Santos Junior que tudo o que a Polícia Civil afirma que ele falou sobre a morte de Vanessa foi inventado pelos próprios policiais do setor.
Além da morte de Vanessa, Rodrigues, que esteve acompanhado por sete advogados da Defensoria Pública durante o seu interrogatório ontem, também negou a autoria de outro homicídio que a Polícia Civil afirma que ele confessou.
Antes de falar ao juiz, ele e seus sete defensores ficaram reunidos sozinhos durante alguns minutos.
Rodrigues se recusou a dizer ao juiz, sob a alegação de "não se sentir à vontade", os nomes das pessoas que o teriam pressionado a fazer a confissão dos dois homicídios.
Ele afirmou ao juiz que sofreu violência física e que as pessoas que o obrigaram a confessar os dois homicídios disseram que seus familiares sofreriam represálias caso ele não assumisse as mortes.
Em 2006, Renato, William e Wagner também disseram à Justiça que tinham sido torturados por policiais militares e civis de Guarulhos para confessar os crimes contra Vanessa.
A Folha procurou o delegado Batista, do Setor de Homicídios da Polícia Civil de Guarulhos, na noite de ontem, mas ele não foi localizado para se manifestar sobre a retratação de Rodrigues à Justiça sobre o assassinato de Vanessa.
No último dia 10, quando teve contato pela primeira vez com advogados da Defensoria Pública, 15 dias após ter sido preso, Rodrigues afirmou que policiais responsáveis pela investigação de crimes atribuídos a ele tinham cuspido nele e também o xingaram.
Nesse dia, porém, os defensores que o ouviram disse que ele só admitiu, de forma vaga e sem muitos detalhes, ser o responsável por "entre 20 e 50" crimes.


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