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"Maníaco" diz que foi torturado para confessar mais 2 crimes
Leandro Basílio Rodrigues, suspeito de ter matado ao menos oito mulheres, negou dois desses crimes durante interrogatório e alegou ter sido torturado
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao ser interrogado ontem pelo juiz Jayme Garcia dos Santos
Junior, de Guarulhos (Grande
SP), Leandro Basílio Rodrigues, 19, chamado pela polícia
de o "maníaco de Guarulhos" e
acusado de pelo menos oito homicídios, voltou atrás e, ao contrário do que havia dito em
agosto à Polícia Civil, passou a
negar ser o responsável pelo assassinato de Vanessa Batista de
Freitas, 22, e por outro crime.
A partir de uma confissão de
Rodrigues ao delegado Jakson
Cesar Batista, do Setor de Homicídios de Guarulhos, ocorrida em 29 de agosto, a Justiça
determinou que Renato Correia de Brito, 24, William César
de Brito Silva, 28, e Wagner
Conceição da Silva, 25, fossem
soltos da prisão no último dia 3.
Os três estavam presos desde
agosto de 2006 no CDP (Centro de Detenção Provisória) de
Guarulhos sob a acusação de
violentar sexualmente e assassinar Vanessa, ex-companheira
de Renato e encontrada morta
em um matagal do Jardim Alice, periferia da cidade.
"Pressionado"
Durante o interrogatório feito pelo juiz ontem, Rodrigues
disse que "foi pressionado" pelos policiais civis do Setor de
Homicídios de Guarulhos para
confessar a morte e a violência
sexual contra Vanessa.
Ele também afirmou ao juiz
Santos Junior que tudo o que a
Polícia Civil afirma que ele falou sobre a morte de Vanessa
foi inventado pelos próprios
policiais do setor.
Além da morte de Vanessa,
Rodrigues, que esteve acompanhado por sete advogados da
Defensoria Pública durante o
seu interrogatório ontem, também negou a autoria de outro
homicídio que a Polícia Civil
afirma que ele confessou.
Antes de falar ao juiz, ele e
seus sete defensores ficaram
reunidos sozinhos durante alguns minutos.
Rodrigues se recusou a dizer
ao juiz, sob a alegação de "não
se sentir à vontade", os nomes
das pessoas que o teriam pressionado a fazer a confissão dos
dois homicídios.
Ele afirmou ao juiz que sofreu violência física e que as
pessoas que o obrigaram a confessar os dois homicídios disseram que seus familiares sofreriam represálias caso ele não
assumisse as mortes.
Em 2006, Renato, William e
Wagner também disseram à
Justiça que tinham sido torturados por policiais militares e
civis de Guarulhos para confessar os crimes contra Vanessa.
A Folha procurou o delegado
Batista, do Setor de Homicídios da Polícia Civil de Guarulhos, na noite de ontem, mas
ele não foi localizado para se
manifestar sobre a retratação
de Rodrigues à Justiça sobre o
assassinato de Vanessa.
No último dia 10, quando teve contato pela primeira vez
com advogados da Defensoria
Pública, 15 dias após ter sido
preso, Rodrigues afirmou que
policiais responsáveis pela investigação de crimes atribuídos
a ele tinham cuspido nele e
também o xingaram.
Nesse dia, porém, os defensores que o ouviram disse que
ele só admitiu, de forma vaga e
sem muitos detalhes, ser o responsável por "entre 20 e 50"
crimes.
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