|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MARIA CECÍLIA DE ALCANTARA MACHADO (1925-2008)
Mulher que apoiou o pioneiro da feira
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
"Ao lado de um grande homem", diz o filho, com voz
épica, "há sempre uma grande mulher". A mãe estava ao
lado do pai, Caio de Alcantara Machado, quando ele foi
em frente com a idéia pioneira da primeira feira de negócios do Brasil. Era 1958. E foi
um fiasco. "Mas ela o apoiou
o tempo todo, sabia que daria
certo um dia." E deu.
Maria Cecília de Alcantara
Machado nasceu em São
Paulo, filha de uma inglesa e
um industrial do papel. Jogou tênis no clube Sociedade
Harmonia ("até ganhou
campeonatos") e viraria enfermeira, se não conhecesse
Caio, "já um vendedor nato",
bom de papo. Casou-se.
Ele era criativo, expansivo,
efusivo; ela, organizada, metódica, "o fio terra que ele
precisava". Organizou jantares de gala, "pondo o toldo no
jardim de casa", para receber
empresários de renome que
vinham às feiras que Machado freneticamente criava.
E quando ele idealizou, ergueu e inaugurou o pavilhão
do Anhembi, na marginal
Tietê, era ela, em "roupas
sem grife alguma", a posar a
seu lado nas fotos solenes.
Mas ela falava e aparecia
pouco. Gostava é de Frank
Sinatra "e de fazer caridade".
Toda semana as 30 amigas
iam à rua 25 de Março comprar apetrechos para fazer
enfeites de Natal, que vendiam às empresas. Doavam o
dinheiro a creches. "Era feliz
fazendo isso", diz um dos
quatro filhos. Tinha sete netos. Morreu anteontem, de
leucemia, aos 83 -como viveu: "discreta, fina, de fibra".
obituario@folhasp.com.br
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Ao ajudar motorista na marginal, jovem morre atropelado Índice
|