São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2008

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MARIA CECÍLIA DE ALCANTARA MACHADO (1925-2008)

Mulher que apoiou o pioneiro da feira

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Ao lado de um grande homem", diz o filho, com voz épica, "há sempre uma grande mulher". A mãe estava ao lado do pai, Caio de Alcantara Machado, quando ele foi em frente com a idéia pioneira da primeira feira de negócios do Brasil. Era 1958. E foi um fiasco. "Mas ela o apoiou o tempo todo, sabia que daria certo um dia." E deu.
Maria Cecília de Alcantara Machado nasceu em São Paulo, filha de uma inglesa e um industrial do papel. Jogou tênis no clube Sociedade Harmonia ("até ganhou campeonatos") e viraria enfermeira, se não conhecesse Caio, "já um vendedor nato", bom de papo. Casou-se.
Ele era criativo, expansivo, efusivo; ela, organizada, metódica, "o fio terra que ele precisava". Organizou jantares de gala, "pondo o toldo no jardim de casa", para receber empresários de renome que vinham às feiras que Machado freneticamente criava.
E quando ele idealizou, ergueu e inaugurou o pavilhão do Anhembi, na marginal Tietê, era ela, em "roupas sem grife alguma", a posar a seu lado nas fotos solenes. Mas ela falava e aparecia pouco. Gostava é de Frank Sinatra "e de fazer caridade".
Toda semana as 30 amigas iam à rua 25 de Março comprar apetrechos para fazer enfeites de Natal, que vendiam às empresas. Doavam o dinheiro a creches. "Era feliz fazendo isso", diz um dos quatro filhos. Tinha sete netos. Morreu anteontem, de leucemia, aos 83 -como viveu: "discreta, fina, de fibra".

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