São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2008

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Ao ajudar motorista na marginal, jovem morre atropelado

Caminhão atropelou estudante de 24 anos na marginal Pinheiros; motorista que pedia ajuda não prestou socorro

Caminhoneiro disse que tentou frear, mas, segundo ele, a carreta virou e atingiu o rapaz; motorista que deixou o local pode ser indiciado

JULIANA COISSI
EM SÃO PAULO

Um universitário de 24 anos morreu atropelado por um caminhão na marginal Pinheiros instantes depois de ter parado seu carro para ajudar outro motorista, que aparentava ter problemas com o seu Ford Ka, anteontem à noite. Após o acidente, o dono do Ka deixou o local sem prestar socorro.
Fábio Carvalho da Silva voltava da faculdade para casa, em Osasco (Grande SP), quando sofreu o acidente. Ele cursava ciência da computação na universidade São Judas Tadeu, campus do Butantã, zona oeste.
O estudante dirigia seu carro, um Celta preto, no sentido Castello Branco, e estava na companhia da noiva, Sueli Xavier de Oliveira, 26, e de uma amiga. Depois de passar a ponte do Jaguaré, Silva viu que o motorista do Ford Ka pedia ajuda e estacionou o carro para auxiliar.
Após ajudar com a sinalização do acidente (uso do triângulo), Sueli conta que o noivo já voltava para o seu carro quando um caminhão atropelou os dois motoristas. Silva teve o pescoço quebrado e morreu no local. O motorista do Ka caiu na pista, levantou-se e foi embora.
Sueli e a amiga anotaram a placa do Ford Ka, mas, segundo a polícia, outro veículo está registrado com essa placa.
O motorista do caminhão, João Inácio de Lima Filho, 31, teve escoriações leves e foi levado ao pronto-socorro da Lapa (zona oeste). Ele teve alta ontem à tarde.
Ele disse que trafegava na segunda faixa da marginal Pinheiros quando a vítima apareceu na frente do veículo. "Eu vi que tinha um carro parado na primeira faixa, por isso, reduzi a velocidade. De repente, um rapaz foi para a frente do caminhão e deu sinal para eu parar, mas já estava muito em cima. Tentei frear, mas a carreta virou e atingiu o rapaz", disse o caminhoneiro, que afirmou estar a 80 km/h no momento.
Ontem, a polícia não sabia se o motorista do caminhão seria indiciado e ainda não tinha pistas do outro motorista. "Ele [motorista do Ka] pode ser responsabilizado, no mínimo, por omitir socorro, mesmo não tendo provocado o acidente", disse o primeiro-tenente da PM Pedro Luiz de Souza.

"Servir e ajudar"
Em seu perfil no site Orkut, Silva apontava como uma de suas paixões "servir e ajudar ao próximo". A noiva do universitário disse, ontem, por telefone, ter pressentido que Silva não deveria ter parado o veículo. "Eu falei: "Fábio, não vai porque é perigoso, pode ser assalto". [Ele] sempre teve o coração bom, gostava de ajudar."
Para o pai, o filho agiu certo: "No lugar dele, eu teria feito o mesmo. Temos que ajudar uns aos outros, e ele adorava fazer isso", disse Pedro Pereira da Silva, 45, dono de uma quitanda em Osasco. Silva namorava havia dois anos e meio e pretendia se casar em 2009.


Colaboraram o "Agora" e a Folha Online


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