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Ao ajudar motorista na marginal, jovem morre atropelado
Caminhão atropelou estudante de 24 anos na marginal Pinheiros; motorista que pedia ajuda não prestou socorro
Caminhoneiro disse que tentou frear, mas, segundo ele, a carreta virou e atingiu o rapaz; motorista que deixou o local pode ser indiciado
JULIANA COISSI
EM SÃO PAULO
Um universitário de 24 anos
morreu atropelado por um caminhão na marginal Pinheiros
instantes depois de ter parado
seu carro para ajudar outro motorista, que aparentava ter problemas com o seu Ford Ka, anteontem à noite. Após o acidente, o dono do Ka deixou o local
sem prestar socorro.
Fábio Carvalho da Silva voltava da faculdade para casa, em
Osasco (Grande SP), quando
sofreu o acidente. Ele cursava
ciência da computação na universidade São Judas Tadeu,
campus do Butantã, zona oeste.
O estudante dirigia seu carro,
um Celta preto, no sentido Castello Branco, e estava na companhia da noiva, Sueli Xavier de
Oliveira, 26, e de uma amiga.
Depois de passar a ponte do Jaguaré, Silva viu que o motorista
do Ford Ka pedia ajuda e estacionou o carro para auxiliar.
Após ajudar com a sinalização do acidente (uso do triângulo), Sueli conta que o noivo já
voltava para o seu carro quando
um caminhão atropelou os dois
motoristas. Silva teve o pescoço
quebrado e morreu no local. O
motorista do Ka caiu na pista,
levantou-se e foi embora.
Sueli e a amiga anotaram a
placa do Ford Ka, mas, segundo
a polícia, outro veículo está registrado com essa placa.
O motorista do caminhão,
João Inácio de Lima Filho, 31,
teve escoriações leves e foi levado ao pronto-socorro da Lapa (zona oeste). Ele teve alta
ontem à tarde.
Ele disse que trafegava na segunda faixa da marginal Pinheiros quando a vítima apareceu na frente do veículo. "Eu vi
que tinha um carro parado na
primeira faixa, por isso, reduzi
a velocidade. De repente, um
rapaz foi para a frente do caminhão e deu sinal para eu parar,
mas já estava muito em cima.
Tentei frear, mas a carreta virou e atingiu o rapaz", disse o
caminhoneiro, que afirmou estar a 80 km/h no momento.
Ontem, a polícia não sabia se
o motorista do caminhão seria
indiciado e ainda não tinha pistas do outro motorista. "Ele
[motorista do Ka] pode ser responsabilizado, no mínimo, por
omitir socorro, mesmo não
tendo provocado o acidente",
disse o primeiro-tenente da
PM Pedro Luiz de Souza.
"Servir e ajudar"
Em seu perfil no site Orkut,
Silva apontava como uma de
suas paixões "servir e ajudar ao
próximo". A noiva do universitário disse, ontem, por telefone,
ter pressentido que Silva não
deveria ter parado o veículo.
"Eu falei: "Fábio, não vai porque
é perigoso, pode ser assalto".
[Ele] sempre teve o coração
bom, gostava de ajudar."
Para o pai, o filho agiu certo:
"No lugar dele, eu teria feito o
mesmo. Temos que ajudar uns
aos outros, e ele adorava fazer
isso", disse Pedro Pereira da
Silva, 45, dono de uma quitanda
em Osasco. Silva namorava havia dois anos e meio e pretendia
se casar em 2009.
Colaboraram o "Agora" e a Folha Online
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