São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2008

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Lei seca reduz total de feridos na Grande SP

Queda foi de 44% nos 3 meses da medida; nas rodovias federais e estaduais privatizadas, houve redução de 5% no número de mortes

Especialistas avaliam que bebidas alcóolicas têm menos impacto na explicação de índices em estradas do que em áreas urbanas

RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os resultados da lei seca no Estado de São Paulo foram mais significativos na região metropolitana da capital do que nas estradas federais e estaduais privatizadas, conforme apontam dados do governo do Estado e da PRF (Polícia Rodoviária Federal) dos primeiros meses após a adoção da medida, iniciada em 19 de junho.
A queda de 44% do número de feridos em acidentes na região metropolitana, registrada nos primeiros 30 dias da lei, se manteve nos dois meses seguintes. A comparação é com o mesmo período do ano passado, segundo a Secretaria de Estado da Saúde -a pasta não tinha os dados sobre mortes.
Já a quantidade de feridos em acidentes ficou praticamente inalterada nas estradas pedagiadas. O número de mortos caiu 5% e o de acidentes diminuiu 8%, na comparação entre julho deste ano e de 2007 -a Artesp (agência que fiscaliza as concessões estaduais) não tem dados mais recentes.
Nas estradas federais que cortam o Estado, somados os meses de julho e de agosto, o número de feridos diminuiu 18%; o de mortos, 13%; e o total de acidentes aumentou 12%, segundo a PRF.

"Fator álcool"
Especialistas avaliam que o "fator álcool" tem menos impacto na explicação de índices de acidentes e mortalidade nas estradas. "O alcoolismo não é o maior problema nas rodovias. Os acidentes estão mais ligados a velocidade e imprudência. E sua redução depende mais de outros fatores, como fiscalização e sinalização", afirma o professor de engenharia de tráfego da UnB Paulo César Marques.
"Ir para o bar e beber é um comportamento tipicamente urbano. Na estrada, o que conta [para explicar a maior parte dos acidentes] é a imprudência. Mas uma imprudência sóbria", afirma o consultor de transportes Vernon Kohl.
O governo do Estado também atribuiu o impacto mais brando da lei nas estradas à diferença de hábito dos motoristas, que "dificilmente bebem tanto antes de pegar a estrada", afirma o diretor de operações da Artesp, Sebastião Martins.
Outra explicação, diz ele, é a proibição da venda de bebida alcoólica nas estradas, que já valia antes da lei seca.

Frota
Segundo o inspetor Edson Varanda, chefe da comunicação da PRF, a alta do número de acidentes nas estradas federais é decorrência do "aumento da frota" que circula nas rodovias. "Mas, com a lei seca, os acidentes passaram a ser menos graves", afirmou Varanda.
A Artesp também divulgou ontem balanço de acidentes nas estradas pedagiadas até julho. O número de mortos somou 433 -4,8% menos que no mesmo período em 2007.


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