São Paulo, sexta-feira, 19 de setembro de 2008

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RETRATO DO BRASIL

Taxa de analfabetismo no país cai para 10%

Número de crianças matriculadas na escola se mantém em padrão elevado; educadores pedem ações qualitativas para o setor

Número de analfabetos de 10 a 14 anos passou de 3% para 3,1%; entre os jovens na faixa de 15 a 17 anos, foi de 1,6% a 1,7%

DA SUCURSAL DO RIO

A taxa de analfabetismo caiu de 10,4% da população em 2006, com 15 anos ou mais, para 10% em 2007, segundo dados da Pnad. Mesmo assim, o número de brasileiros analfabetos somava 14,1 milhões.
Projeções da Unesco mostram que, na América Latina e no Caribe, apenas países muito pobres têm índices maiores do que o do Brasil. É o caso dos recordistas Haiti (37,9%) e Guatemala (26,8%).
Mesmo países com renda média bem inferior à do Brasil têm desempenho melhor. Na conflagrada Bolívia, por exemplo, a taxa de analfabetismo é de 9,7%. No Equador, 7,4%.
Aqui, apesar da melhora do número total em 2007, a taxa de analfabetismo não caiu nas faixas de 10 a 14 anos e de 15 a 17 anos -ao contrário, houve ligeiro aumento, que os especialistas consideram desprezível estatisticamente.
Entre os mais novos, o número de analfabetos passou de 3% para 3,1% do total. Na faixa de 15 a 17 anos, foi de 1,6% a 1,7%. Mas, na região Nordeste , o analfabetismo entre as crianças de 10 a 14 anos aumentou mais expressivamente: 0,4 ponto percentual (de 6,4% para 6,8%), assim como no Centro-Oeste (de 1% para 1,5%).
Já o percentual dos chamados analfabetos funcionais (pessoas com menos de quatro anos de escolaridade, segundo a metodologia do IBGE) teve ligeira redução (0,6 ponto percentual), mas está em patamar elevado: 21,6% dos brasileiros com mais de 15 anos. No Nordeste, a taxa é de 33,5%.
Os dados relativos à escolarização mostram que há avanços na faixa mais jovem: em 2007, 70,1% das crianças com 4 ou 5 anos estavam na escola (em 2006, eram 67,6%). Já na faixa etária que vai até 18 anos, o percentual ficou estabilizado em níveis altos. Entre as crianças de 7 a 14 anos, 97,6% estavam matriculadas em 2007 (o mesmo percentual de 2006).
Já para os jovens de 18 a 24 anos, esse percentual caiu de 31,7% em 2006 para 30,9% no ano passado. "Pode ser efeito do avanço dos cursos tecnológicos, que são mais curtos do que os universitários", diz Maria Lúcia Vieira.
Segundo especialistas, os dados da Pnad de 2007 deixam claro que o Brasil está conseguindo atingir metas quantitativas, ampliando o acesso da população mais jovem à escola. Mas eles advertem que será preciso elaborar políticas públicas para incentivar a permanência na escola e elevar a qualidade do ensino.
Para o economista Cláudio Moura e Castro, consultor na área de educação, o desafio agora é o de formular políticas que levem qualidade aos bancos escolares: "A qualidade é muitíssimo ruim. Além disso, o impacto de programas como o bolsa-família na freqüência escolar está num ponto de saturação. Não é possível achar que se trata de um programa com efeitos na educação. O Bolsa-Família é um mecanismo de distribuição de renda".


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