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RETRATO DO BRASIL
Taxa de analfabetismo no país cai para 10%
Número de crianças matriculadas na escola se mantém em padrão elevado; educadores pedem ações qualitativas para o setor
Número de analfabetos
de 10 a 14 anos passou de 3% para 3,1%; entre os jovens na faixa de 15 a 17 anos, foi de 1,6% a 1,7%
DA SUCURSAL DO RIO
A taxa de analfabetismo caiu
de 10,4% da população em
2006, com 15 anos ou mais, para 10% em 2007, segundo dados da Pnad. Mesmo assim, o
número de brasileiros analfabetos somava 14,1 milhões.
Projeções da Unesco mostram que, na América Latina e
no Caribe, apenas países muito
pobres têm índices maiores do
que o do Brasil. É o caso dos recordistas Haiti (37,9%) e Guatemala (26,8%).
Mesmo países com renda
média bem inferior à do Brasil
têm desempenho melhor. Na
conflagrada Bolívia, por exemplo, a taxa de analfabetismo é
de 9,7%. No Equador, 7,4%.
Aqui, apesar da melhora do
número total em 2007, a taxa
de analfabetismo não caiu nas
faixas de 10 a 14 anos e de 15 a 17
anos -ao contrário, houve ligeiro aumento, que os especialistas consideram desprezível
estatisticamente.
Entre os mais novos, o número de analfabetos passou de 3%
para 3,1% do total. Na faixa de
15 a 17 anos, foi de 1,6% a 1,7%.
Mas, na região Nordeste , o
analfabetismo entre as crianças de 10 a 14 anos aumentou
mais expressivamente: 0,4
ponto percentual (de 6,4% para
6,8%), assim como no Centro-Oeste (de 1% para 1,5%).
Já o percentual dos chamados analfabetos funcionais
(pessoas com menos de quatro
anos de escolaridade, segundo
a metodologia do IBGE) teve ligeira redução (0,6 ponto percentual), mas está em patamar
elevado: 21,6% dos brasileiros
com mais de 15 anos. No Nordeste, a taxa é de 33,5%.
Os dados relativos à escolarização mostram que há avanços
na faixa mais jovem: em 2007,
70,1% das crianças com 4 ou 5
anos estavam na escola (em
2006, eram 67,6%). Já na faixa
etária que vai até 18 anos, o percentual ficou estabilizado em
níveis altos. Entre as crianças
de 7 a 14 anos, 97,6% estavam
matriculadas em 2007 (o mesmo percentual de 2006).
Já para os jovens de 18 a 24
anos, esse percentual caiu de
31,7% em 2006 para 30,9% no
ano passado. "Pode ser efeito
do avanço dos cursos tecnológicos, que são mais curtos do que
os universitários", diz Maria
Lúcia Vieira.
Segundo especialistas, os dados da Pnad de 2007 deixam
claro que o Brasil está conseguindo atingir metas quantitativas, ampliando o acesso da
população mais jovem à escola.
Mas eles advertem que será
preciso elaborar políticas públicas para incentivar a permanência na escola e elevar a qualidade do ensino.
Para o economista Cláudio
Moura e Castro, consultor na
área de educação, o desafio agora é o de formular políticas que
levem qualidade aos bancos escolares: "A qualidade é muitíssimo ruim. Além disso, o impacto de programas como o
bolsa-família na freqüência escolar está num ponto de saturação. Não é possível achar que se
trata de um programa com efeitos na educação. O Bolsa-Família é um mecanismo de distribuição de renda".
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