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55 instituições do ProUni têm notas ruins
MEC pode cortar do programa, que dá incentivos fiscais em troca de bolsas de estudos, os cursos superiores mal avaliados
Das 55 universidades e faculdades reprovadas no 1º ciclo de avaliação, 23 mantêm desempenho insuficiente
na 1ª etapa do 2º ciclo
MARTA SALOMON
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um grupo de 55 instituições
de ensino superior poderá ter
cursos cortados do ProUni
(Programa Universidade para
Todos), que dá incentivos fiscais em troca de bolsas de estudo, por conta da má qualidade
da educação que oferecem.
A lista, obtida pela Folha, é o
resultado do primeiro dos dois
ciclos de avaliação a que as instituições são submetidas antes
do fechamento de cursos, que
ocorre caso tenham desempenho ruim em ambos.
A Folha também cruzou as
notas obtidas neste mês na primeira etapa do segundo ciclo
de avaliação e identificou 23
instituições com cursos já reprovados na primeira etapa e
que mantêm o desempenho insuficiente -cinco delas estão
baseadas no Estado de São
Paulo. São candidatas a terem
cursos excluídos do ProUni caso não melhorem a qualidade
do ensino até o ano que vem.
Desde a sua criação, em
2005, o ProUni custou, em impostos que deixaram de ser cobrados pela União, cerca de
R$ 1 bilhão. Mas só a partir de
2011 o Ministério da Educação
poderá cortar cursos que tiverem sido reprovados em dois
ciclos completos de avaliação,
informou o ministro Fernando
Haddad: "Se os cursos reprovados no primeiro ciclo mantiverem as notas baixas até o ano
que vem, serão excluídos".
Com base nas notas mais recentes atribuídas pelo MEC, a
reportagem identificou ao todo
400 faculdades e universidades
vinculadas ao ProUni com desempenho considerado insatisfatório -notas 1 e 2, numa escala que vai até 5. Elas representam quase um terço (31%)
das instituições do ProUni avaliadas pelo IGC (Índice Geral
de Cursos), que leva em conta o
Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), a
opinião dos alunos, a estrutura
das instituições e os docentes.
Das instituições do ProUni,
apenas cinco -ou 0,39% do total- obtiveram nota máxima.
Um percentual ainda menor do
que o 1% de nota 5 registrado
no conjunto de instituições públicas e particulares do país.
A nota do IGC é divulgada
anualmente desde 2008 e integra o Sinaes (Sistema Nacional
de Avaliação da Educação Superior). A legislação exige dois
ciclos completos de avaliação
desse sistema, concluídos a cada três anos, para o descredenciamento de cursos do ProUni.
As notas do IGC são, na sequência, confirmadas ou não
por visitas às instituições. Uma
nota baixa não significa, necessariamente, que o curso não tenha condições de funcionar.
Antes do fim do segundo ciclo,
os cursos mal avaliados estão
sujeitos a punições como o corte de 30% das vagas, independentemente de receberem incentivos do ProUni.
A exigência de que são necessários dois ciclos completos
partiu do Congresso. O MEC,
disse o ministro, apoiaria eventual mudança para um ciclo.
Segundo Haddad, o modelo
de avaliação do ministério pressupõe que sempre haverá instituições com notas baixas, assim
como poucas com nota máxima. "Se esse modelo for aplicado na França, haverá instituições com IGC 1", disse. "Sempre haverá cerca de 12% das
matrículas em instituições com
desempenho insuficiente."
Haddad estima que 6% dos
alunos de instituições de ensino superior no país frequentam cursos considerados "precários", ligados ou não ao
ProUni. No conjunto das instituições avaliadas, o MEC identificou 36% com conceito ruim.
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