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Transferência faz parte de recuperação ambiental
Famílias vivem há anos em área de risco
DE SÃO PAULO
A remoção das famílias para casas da CDHU faz parte
de um programa de recuperação ambiental do Parque
Estadual Serra do Mar. O local foi invadido há décadas e
hoje há milhares de famílias
vivendo em área de risco e de
preservação ambiental.
O programa foi implementado em 2007, seguindo decisão judicial e recomendação
do Ministério Público, com
verba de R$ 800 milhões dos
governos estadual (R$ 400
milhões), federal (R$ 120 milhões) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Até agora, apenas 530 famílias foram removidas, mas
outras 4.820 de Cubatão e
1.600 de cidades do litoral
norte já estão cadastradas.
Outras 2.410 famílias vão
continuar em áreas da serra
que serão urbanizadas.
Desde agosto, 96 famílias
foram transferidas para um
bairro da própria Cubatão, o
Jardim Casqueiro.
É para onde foi, do último
dia 10, Ana Maria Queiroz,
41, com seus três filhos e o
marido. Ela achou o bairro
mais "organizado e tranquilo", mas o apartamento de
dois quartos muito menor
que a casa que tinha no bairro Cota 95, onde morou por
16 anos. Por ele, vai pagar
R$ 150 mensais por 25 anos.
Seu vizinho, o motorista
Paulo Santos, 49, diz que
preferia a serra, onde morou
por 30 anos, porque agora
vai ter que arcar com R$ 450
mensais. O prédio novo é
"bom" e o bairro é "ótimo",
em sua opinião. Só não gostou de ter doado os botijões
de gás e descoberto que estava sem gás no prédio novo
-por um problema causado
pela Sabesp, que será regularizado, segundo a CDHU.
Nos bairros da serra, a população estava dividida. Enquanto uma parte quer ir para uma "casinha melhor", a
outra prefere ficar onde está
há vários anos.
No bairro Fabril, dez casas
foram demolidas à beira da
rodovia Anchieta, mas só a
de Helena Silva, 38, continuou de pé. Ela diz que há
mais de um mês está esperando para sair dali, com marido, dois filhos, enteada e
genro. "Se todos os nossos vizinhos saíram, não tem condição de ficar só a gente
aqui", afirma Helena.
Já o aposentado Arão de
Oliveira, 53, morador da Cota
95, não quer sair. "A gente leva mais da metade da vida
para construir uma casa e
agora perde tudo o que tem
para começar do zero."
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