São Paulo, domingo, 19 de setembro de 2010

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Transferência faz parte de recuperação ambiental

Famílias vivem há anos em área de risco

DE SÃO PAULO

A remoção das famílias para casas da CDHU faz parte de um programa de recuperação ambiental do Parque Estadual Serra do Mar. O local foi invadido há décadas e hoje há milhares de famílias vivendo em área de risco e de preservação ambiental.
O programa foi implementado em 2007, seguindo decisão judicial e recomendação do Ministério Público, com verba de R$ 800 milhões dos governos estadual (R$ 400 milhões), federal (R$ 120 milhões) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Até agora, apenas 530 famílias foram removidas, mas outras 4.820 de Cubatão e 1.600 de cidades do litoral norte já estão cadastradas.
Outras 2.410 famílias vão continuar em áreas da serra que serão urbanizadas.
Desde agosto, 96 famílias foram transferidas para um bairro da própria Cubatão, o Jardim Casqueiro.
É para onde foi, do último dia 10, Ana Maria Queiroz, 41, com seus três filhos e o marido. Ela achou o bairro mais "organizado e tranquilo", mas o apartamento de dois quartos muito menor que a casa que tinha no bairro Cota 95, onde morou por 16 anos. Por ele, vai pagar R$ 150 mensais por 25 anos.
Seu vizinho, o motorista Paulo Santos, 49, diz que preferia a serra, onde morou por 30 anos, porque agora vai ter que arcar com R$ 450 mensais. O prédio novo é "bom" e o bairro é "ótimo", em sua opinião. Só não gostou de ter doado os botijões de gás e descoberto que estava sem gás no prédio novo -por um problema causado pela Sabesp, que será regularizado, segundo a CDHU.
Nos bairros da serra, a população estava dividida. Enquanto uma parte quer ir para uma "casinha melhor", a outra prefere ficar onde está há vários anos.
No bairro Fabril, dez casas foram demolidas à beira da rodovia Anchieta, mas só a de Helena Silva, 38, continuou de pé. Ela diz que há mais de um mês está esperando para sair dali, com marido, dois filhos, enteada e genro. "Se todos os nossos vizinhos saíram, não tem condição de ficar só a gente aqui", afirma Helena.
Já o aposentado Arão de Oliveira, 53, morador da Cota 95, não quer sair. "A gente leva mais da metade da vida para construir uma casa e agora perde tudo o que tem para começar do zero."


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