São Paulo, sábado, 19 de outubro de 2002 |
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TRANSPORTES Com liminar da Justiça, grupo Niquini recolheu 25 veículos operados pela SPTrans; mais de 400 podem sair de circulação Empresário retoma ônibus da prefeitura
ALENCAR IZIDORO DA REPORTAGEM LOCAL O empresário Romero Niquini conseguiu na Justiça a reintegração de posse de sua frota de ônibus que está sob controle da Prefeitura de São Paulo há 40 dias. Ele começou ontem uma série de ações ousadas para a retirada de parte dos veículos de circulação. Niquini, que é dono de 900 ônibus na capital paulista, responsáveis pelo transporte de quase 10% dos 3,7 milhões de passageiros diários do sistema, teve seus contratos rompidos em setembro pela gestão Marta Suplicy sob a acusação de irregularidades na prestação de contas da arrecadação. Desde então, seus veículos foram encampados e passaram ao controle de interventores da SPTrans (São Paulo Transporte, órgão que cuida do setor). O empresário obteve nesta semana uma liminar para a retomada da frota e começou suas buscas pelos 71 veículos de fabricação 2002. O próximo passo pode ser a retirada de 400 seminovos, com menos de cinco anos de uso. A primeira investida de Niquini foi dada ontem de madrugada, por volta das 2h30, quando funcionários do grupo foram a uma garagem da viação São Judas, na zona leste, e, acompanhados de três oficiais de Justiça e dez carros da Polícia Militar, retomaram os primeiros 25 ônibus. Funcionários da SPTrans tentaram resistir, mas foram surpreendidos. As ações mais ousadas foram iniciadas ontem à noite. Niquini montou um esquema para "caçar" seus veículos novos em plena avenida Paulista, por volta das 19h. A idéia era impedir a continuidade da viagem, determinar a descida dos usuários e retomar os ônibus no meio da via pública. Os passageiros receberiam passes para pegar outros veículos. Acompanhados de duas oficiais de Justiça, quatro advogados, cinco motoristas e quatro auxiliares, equipados com rádio para comunicação instantânea, chegaram a "vistoriar" alguns ônibus, mas não encontraram os que procuravam, de fabricação 2002. As "buscas" devem continuar hoje. O grupo Niquini é dirigido em São Paulo por Willliam Ali Chaim, um militante histórico do PT, ligado ao alto escalão do partido e que deixou a campanha a deputado federal de Ricardo Zarattini, pai do secretário dos Transportes, Carlos Zarattini, para assumir a presidência das viações em julho deste ano. Segundo ele, a retomada imediata dos veículos novos visa evitar a depreciação do patrimônio da empresa. "A idéia não é tirar todos os ônibus das ruas para não prejudicar a população. Mas, se não houver novos interlocutores no governo, a gente vai ter de avançar nos seminovos", diz Chaim, que avalia não ter condições de negociar com Zarattini. A prefeitura não se posicionou ontem sobre as ações do grupo Niquini e os possíveis impactos ao transporte. Segundo diretores do sindicato dos motoristas e cobradores, a viação São Judas, que costumava rodar com 240 veículos, só tinha 219 ontem de manhã e à tarde. Além de obter a reintegração de posse, Niquini também conseguiu uma liminar que proíbe a prefeitura de redistribuir as linhas que eram operadas pelo grupo para outras viações. A decisão, do desembargador Demóstenes Braga, do Tribunal de Justiça, diz que a intervenção do governo municipal deve continuar até que haja um julgamento final sobre a rescisão dos contratos. O objetivo da prefeitura era repassar a operação para outros consórcios. Assim, não teria de injetar recursos nas garagens para manter a operação. Próximo Texto: Decisão pega a prefeitura de surpresa Índice |
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