São Paulo, sábado, 19 de outubro de 2002

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Secretário terá carro blindado em São Paulo

ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, incorporou há um mês um carro blindado à frota oficial de sua pasta.
O modelo Ômega zero-quilômetro, importado, avaliado em R$ 190 mil, deve substituir o carro oficial anterior, do mesmo tipo, mas ano 96 e sem blindagem, que serviu a dois secretários.
É o primeiro veículo blindado do governo do Estado, de acordo com a assessoria do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que não utiliza esse tipo de proteção. Em entrevistas, ele tem dito, segundo assessores, que não ""vê necessidade de usar recursos além do que é normal para o cargo".
O Ômega CD 3.8 da Secretaria da Segurança Pública foi trocado com uma empresa do ramo de vidros blindados que devia impostos (ICMS) ao governo estadual, após um processo de "adjudicação". ""Houve uma troca de um bem penhorado pelo abatimento de uma dívida", afirma a procuradora Magaly Motta de Oliveira, assistente da Procuradoria Geral do Estado, que é o órgão responsável por esse tipo de aquisição.
Em nota oficial, a Secretaria da Segurança Pública informou que aceitou o carro após receber oferta da Procuradoria Geral, quando o veículo já estava penhorado pela Justiça, sem explicar, porém, os motivos que levaram à decisão.
Apesar de o carro ter saído da oficina da empresa que fez a blindagem há um mês, como apurou a Folha, a secretaria afirmou na mesma nota que o secretário ainda não usou o veículo e disse desconhecer onde o Ômega está.
O novo carro da secretaria recebeu blindagem em portas, teto e encostos, resistentes a tiros até de submetralhadoras, dentro de um padrão exigido há três anos para o carro do presidente da República.
"É o melhor do que existe hoje no mercado", diz Maurício Junot, vice-presidente da IAC, empresa que fez a blindagem a pedido da Vitrotec -a firma envolvida no processo de adjudicação.
Se furados os pneus, por exemplo, eles ainda podem rodar sem o risco de o aro sair. Isso por causa de uma blindagem interna.
Os vidros, especiais, custaram cerca de R$ 23 mil. Eles suportam tiros de todos os tipos de "armas de mão", até de Magnum calibre 44, mas não de fuzil, que exigiria uma blindagem diferente, de uso restrito e controlado no país.
O padrão de proteção é o usado por cerca de 80% dos veículos blindados que circulam pelo país, segundo Cristian Conde, diretor industrial da Vitrotec, empresa que forneceu os vidros, também diretor da Câmara Setorial de Vidros da Abrablin (Associação Brasileira dos Blindadores de Veículos Automotores). Segundo a entidade, o país tem hoje uma frota de 14.700 carros blindados.
O Ômega da secretaria, cujo preço de mercado é de R$ 115,5 mil, recebeu no total cerca de R$ 75 mil em peças para a proteção adicional, que inclui, além dos vidros especiais, placas de revestimento interno na lataria.
Com o valor gasto na blindagem seria possível comprar dois carros modelo Vectra, quatro portas, 2.2., iguais aos que foram comprados nos últimos dois anos para o patrulhamento de rua pela Polícia Militar, cada um, na época, avaliados em R$ 39.800.
A Secretaria da Segurança Pública não informou o valor oficial do carro e disse, em nota, que sua utilização ainda será definida.


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