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Secretário terá carro blindado em São Paulo
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, incorporou há
um mês um carro blindado à frota
oficial de sua pasta.
O modelo Ômega zero-quilômetro, importado, avaliado em
R$ 190 mil, deve substituir o carro
oficial anterior, do mesmo tipo,
mas ano 96 e sem blindagem, que
serviu a dois secretários.
É o primeiro veículo blindado
do governo do Estado, de acordo
com a assessoria do governador
Geraldo Alckmin (PSDB), que
não utiliza esse tipo de proteção.
Em entrevistas, ele tem dito, segundo assessores, que não ""vê necessidade de usar recursos além
do que é normal para o cargo".
O Ômega CD 3.8 da Secretaria
da Segurança Pública foi trocado
com uma empresa do ramo de vidros blindados que devia impostos (ICMS) ao governo estadual,
após um processo de "adjudicação". ""Houve uma troca de um
bem penhorado pelo abatimento
de uma dívida", afirma a procuradora Magaly Motta de Oliveira,
assistente da Procuradoria Geral
do Estado, que é o órgão responsável por esse tipo de aquisição.
Em nota oficial, a Secretaria da
Segurança Pública informou que
aceitou o carro após receber oferta da Procuradoria Geral, quando
o veículo já estava penhorado pela
Justiça, sem explicar, porém, os
motivos que levaram à decisão.
Apesar de o carro ter saído da
oficina da empresa que fez a blindagem há um mês, como apurou
a Folha, a secretaria afirmou na
mesma nota que o secretário ainda não usou o veículo e disse desconhecer onde o Ômega está.
O novo carro da secretaria recebeu blindagem em portas, teto e
encostos, resistentes a tiros até de
submetralhadoras, dentro de um
padrão exigido há três anos para o
carro do presidente da República.
"É o melhor do que existe hoje
no mercado", diz Maurício Junot,
vice-presidente da IAC, empresa
que fez a blindagem a pedido da
Vitrotec -a firma envolvida no
processo de adjudicação.
Se furados os pneus, por exemplo, eles ainda podem rodar sem o
risco de o aro sair. Isso por causa
de uma blindagem interna.
Os vidros, especiais, custaram
cerca de R$ 23 mil. Eles suportam
tiros de todos os tipos de "armas
de mão", até de Magnum calibre
44, mas não de fuzil, que exigiria
uma blindagem diferente, de uso
restrito e controlado no país.
O padrão de proteção é o usado
por cerca de 80% dos veículos
blindados que circulam pelo país,
segundo Cristian Conde, diretor
industrial da Vitrotec, empresa
que forneceu os vidros, também
diretor da Câmara Setorial de Vidros da Abrablin (Associação
Brasileira dos Blindadores de Veículos Automotores). Segundo a
entidade, o país tem hoje uma frota de 14.700 carros blindados.
O Ômega da secretaria, cujo
preço de mercado é de R$ 115,5
mil, recebeu no total cerca de R$
75 mil em peças para a proteção
adicional, que inclui, além dos vidros especiais, placas de revestimento interno na lataria.
Com o valor gasto na blindagem
seria possível comprar dois carros
modelo Vectra, quatro portas,
2.2., iguais aos que foram comprados nos últimos dois anos para
o patrulhamento de rua pela Polícia Militar, cada um, na época,
avaliados em R$ 39.800.
A Secretaria da Segurança Pública não informou o valor oficial
do carro e disse, em nota, que sua
utilização ainda será definida.
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