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São Paulo, domingo, 19 de outubro de 2003

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TERCEIRO SETOR

Órgão concedeu ao Instituto Ayrton Senna título de Cátedra em Educação para o Desenvolvimento Humano

ONG brasileira é referência para Unesco

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

Composta por universidades e instituições científicas de todo o mundo, a rede de cátedras da Unesco integra, pela primeira vez, uma organização não-governamental: o Instituto Ayrton Senna.
O título credencia o instituto como centro de referência em assuntos relacionados a educação e desenvolvimento humano e assinala uma transformação no terceiro setor: a saída do atendimento direto de pequeno alcance para o fornecimento de know-how no combate a problemas sociais.
"Muitas vezes as universidades, que detêm o conhecimento acadêmico, não têm a flexibilidade do instituto para resolver os problemas. Decidimos fazer uma junção", afirma Célio da Cunha, assessor da Unesco no Brasil.
Para Viviane Senna, presidente do IAS, o convite da Unesco à entidade mostra o avanço do terceiro setor brasileiro em relação a Estados Unidos e Europa. "Eles têm um estado de bem-estar social que dá conta da maior parte. No Brasil, isso ainda é uma terra prometida e se nós [as ONGs] tivermos uma estratégia de varejo para problemas de atacado, a situação não resolverá."
Essa mudança de postura ocorreu dentro do próprio instituto, que surgiu em 1995 com programas de assistência direta. Devido à dimensão dos problemas enfrentados, a ONG resolveu ampliar sua ação fornecendo a metodologia criada para outras entidades. Hoje, os dez programas do instituto atingem cerca de 1 milhão de crianças e adolescentes.
A inclusão do Ayrton Senna na rede de cátedras -que foi assinada em setembro e será formalizada pela Unesco em breve- também é relacionada à metodologia desenvolvida pela ONG.
O instituto conseguiu em seus programas dar uma aplicação prática aos quatro pilares da educação adotados teoricamente pela Unesco: aprender a ser, a conhecer, a conviver e a produzir. O alcance dessas metas também é avaliado pelo IAS.
Todas as ações são realizadas em parcerias com ONGs, empresas ou órgãos públicos. Nesse processo, dois programas foram transformados em políticas públicas. O Estado de Goiás implantou em suas escolas o Acelera, que busca levar crianças repetentes à série adequada a sua idade, e o Se Liga, voltado para a alfabetização.

Outras iniciativas
O Instituto Ayrton Senna não é a única ONG a trilhar esse caminho. Em Vespasiano (MG), a prefeitura também adotou como políticas públicas dois projetos educacionais desenvolvidos pela Fundação Belgo-Mineira. A fundação elaborou um programa para o gerenciamento escolar, aplicado sempre em parceria com secretarias de educação.
Mas a influência do terceiro setor não se restringe aos órgãos estatais. O CDI (Comitê para Democratização da Informática) também oferta seu know-how a empresas interessadas em realizar realizar ações sociais.
A ONG ajuda comunidades a instalar escolas de informática e cidadania. Empresas que queiram adotar uma escola pagam R$ 12 mil anuais, verba voltada para a formação dos educadores. É a chamada franquia social.


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