São Paulo, sexta-feira, 19 de outubro de 2007

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Epidemia de dengue já atinge 127 cidades paulistas

Esses municípios registraram, até agora, pelo menos 300 casos por 100 mil habitantes

Serra e o secretário Barradas (Saúde) afirmam que a situação está controlada e que o gasto com o combate à doença aumentou

CINTHIA RODRIGUES
ODERSIDES ALMEIDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um em cada cinco municípios de São Paulo enfrenta uma epidemia de dengue a pouco mais de dois meses do início do verão -estação em que a doença costuma se agravar. Foram registradas 16 mortes neste ano no Estado.
Das 645 cidades paulistas, 127 registraram neste ano pelo menos 300 casos por 100 mil habitantes, patamar usado pelo Ministério da Saúde como critério para caracterizar a epidemia. Os cálculos utilizaram os registros da doença no Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) de São Paulo e os dados de população do IBGE.
No Estado todo, a situação ainda não caracteriza epidemia. Com 65.869 casos e 41 milhões de habitantes, o índice cai para 161 casos para 100 mil habitantes.
Durante lançamento nacional da campanha contra a doença, na terça, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou que o país "vive uma epidemia de dengue", apesar de o índice ainda ser inferior ao critério adotado pela sua pasta. No Brasil, são 481.316 pessoas infectadas e 190 milhões de habitantes ou 253 vítimas em 100 mil habitantes.
Ele lembrou que o número de casos da doença no país cresceu 49,77% de janeiro a setembro, em relação a igual período de 2006. Em São Paulo, o número atual já é 24% maior do que todo o ano passado e 12 vezes maior do que 2005, quando ocorreram 5.400 casos.

Interior
Cidades pequenas têm a pior situação no Estado de São Paulo. A campeã é Sales, onde uma em cada 20 pessoas teve dengue neste ano.
A cidade de São Paulo, com 2.339 casos, ainda é considerada sob controle, mas outras cidades de porte médio, como São José do Rio Preto, Campinas, Ribeirão Preto e Bauru, enfrentam a epidemia.
Mesmo durante o inverno, quando o mosquito transmissor tem dificuldade de se proliferar e os números da doença costumam diminuir, o CVE não parou de registrar novos casos. Foram 400 em julho, 79 em agosto e 25 em setembro.
No entanto, Affonso Viviani Junior, diretor da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) da Secretaria de Estado da Saúde, afirma que o número de 127 cidades com índice epidêmico não reflete a realidade da doença neste momento.
"Esse número aparece porque o índice dos casos é cumulativo. Casos da primeira semana epidemiológica estão na somatória. O comportamento do vírus nas últimas semanas está fora de qualquer situação epidêmica", diz.
Segundo Viviani, a circulação do vírus continua em, no máximo, 20 municípios. "Até a metade do ano, tivemos o registro de quase 65 mil casos. Das outras semanas até agora, não ultrapassamos mil."
O governador José Serra (PSDB) e o secretário da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, descartaram ontem que o Estado enfrente uma epidemia. Barradas ressalta que o crescimento percentual da dengue no Estado em relação ao ano passado é menor que a alta no índice nacional.
Apesar de a situação não ser considerada alarmante, a previsão de gastos do Estado com a dengue em 2007 é de R$ 40 milhões, o dobro do ano passado. O Estado também contratou 120 agentes de campo para o combate ao mosquito.


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