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Ex-governador e delegado defendem reformulação
Para presidente de associação, Polícia Civil deveria ser vinculada ao Judiciário; Fleury sugere mudanças também no Ministério Público
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Associação
dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, Sergio Marcos Roque, 66, diz concordar
com a necessidade de uma mudança na estrutura do aparato
policial brasileiro e, também,
com uma grande depuração na
polícia paulista.
Uma mudança importante
na estrutura da segurança seria, para ele, a desvinculação da
Polícia Civil do Poder Executivo, à qual pertence hoje, para
subordiná-la ao Poder Judiciário. "A Polícia Civil, uma polícia
judiciária, precisa ser independente para investigar. Não pode ser a guarda pretoriana de
um governo do Estado. Cargos
de confiança não conferem ao
delegado de polícia uma liberdade de investigação", afirma
Roque.
Para isso, seria necessário,
porém, uma mudança na Constituição Federal -que define o
modelo da Segurança Pública e
a subordinação de cada instituição policial.
Na opinião do delegado, o sucesso da reformulação feita em
Nova York, além da demissão
dos maus policiais, também
passou pela valorização da carreira com melhora nos salários.
Essa transformação da polícia também passou pela mudança da corregedoria, que passou a ser pró-ativa, investigando o policial e não esperando as
denúncias serem apresentadas
-como ocorre na Polícia Civil
paulista. Roque defende essa
mudança, mas não é apoiado
por outras entidades sindicais.
Roque disse que concorda
com as medidas porque hoje os
maus policiais são em menor
número que os bons e, com isso, a greve da categoria está
com uma grande adesão.
"É uma minoria barulhenta.
Então, [se não fosse assim], nós
não estaríamos brigando pelo
salário. Existe, lógico, como em
qualquer segmento, uma parte
podre. Na polícia, a corrupção
não é admitida", diz ele.
O ex-governador e ex-secretário da Segurança Pública de
São Paulo, Luiz Antonio Fleury
Filho, disse que também vê a
necessidade urgente de uma
mudança no sistema da segurança pública brasileira.
Para Fleury, porém, a mudança deve atingir, além das
polícias, as políticas de atuação
do Ministério Público e do Poder Judiciário. "Você tem cada
um puxando de um lado, e não
há um sistema de resposta penal. Qual é o projeto de segurança e de combate à criminalidade do Ministério Público e do
Poder Judiciário? São todos
atores de uma mesma peça. É
fácil jogar a culpa só na polícia."
A unificação das polícias, para Fleury, é inviável e poderia
trazer mais prejuízos do que
benefícios, porque não há uma
estrutura de fiscalização eficiente. "Nós estamos no meio
de uma crise de criminalidade.
Não podemos nos dar ao luxo
de fazer qualquer tipo de experiência, porque iremos correr o
risco de o descontrole aumentar", diz. Ele diz defender um
bom salário para os policiais.
Para o ex-governador, ou se
cria uma nova Polícia Civil,
com setores uniformizados e
não-uniformizados, ou se cria
um comando único para as
duas polícias -Civil e Militar.
O ex-governador não concorda, porém, com uma "caça às
bruxas" contra os maus policiais. Para ele, a depuração deve
ser constante e efetiva. "Não
seria possível fazer a depuração
no Brasil como foi em Nova
York. Os policiais daqui têm
mais garantias legais que os
americanos. Eles não podem
ser demitidos, a não ser por um
processo administrativo, tem
uma série de procedimentos e
ritos a serem seguidos."
(RP)
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