São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2004

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VIOLÊNCIA

Filho do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos ficou oito dias em cativeiro; dois criminosos foram mortos

Vítima de seqüestro é libertada em SP

ALEXANDRE HISAYASU
DA REPORTAGEM LOCAL

Após ficar oito dias seqüestrado, William Melo Bezerra, 22, filho do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Eleno José Bezerra, foi libertado pela polícia, na noite de ontem. Durante o seqüestro, o rapaz ficou algemado e com os olhos vendados em um barraco de um cômodo na favela do Jardim Luis, na região do Capão Redondo, zona sul de São Paulo. Dois homens que vigiavam o cativeiro morreram em tiroteio com policiais. Os criminosos foram avisados por crianças do bairro que viram os policiais chegando à favela, mas não tiveram tempo de escapar, segundo a polícia.
Segundo o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, Bezerra ficou hospedado em um hotel durante o seqüestro do filho. "Ele tentava mostrar calma, mas quando falava com os bandidos, ficava muito nervoso."
Os seqüestradores fizeram quatro contatos por telefone. No início, pediram R$ 800 mil. "O Eleno disse que não tinha esse valor. Juntando salário, mais o dinheiro das férias e do 13º salário, ele explicou aos seqüestradores que conseguiria R$ 10 mil", contou Paulinho. Segundo ele, essa conversa ocorreu na última segunda-feira e os bandidos disseram que mandariam a cabeça da vítima em uma bandeja para a família.
Durante o seqüestro, os seqüestradores mandaram uma fita de vídeo para a família na qual o rapaz apareceu com a camisa levantada e com as calças abaixadas -para mostrar que não estava sendo maltratado, segundo a polícia-, e uma arma na cabeça. No vídeo, ele fez um apelo para que o pai providenciasse o dinheiro do resgate.
Os policiais chegaram ao cativeiro de Bezerra graças a uma denúncia recebida na noite de quarta-feira pelo Deic (Departamento de Investigação Sobre o Crime Organizado).O denunciante deu o endereço do cativeiro e informou que um rapaz (Bezerra) estava trancado no barraco.
A Divisão Anti-Seqüestro (DAS) montou uma operação com pelo menos 20 policiais para resgatar o rapaz. O barraco, que fica na rua da Poli, próxima à estrada M'Boi Mirim, foi cercado por volta das 19h de ontem. "Quando chutamos a porta, um dos bandidos começou a atirar. Houve o revide e os dois bandidos se jogaram na frente da vítima", contou o delegado Antônio de Olim. Os seqüestradores usavam dois revólveres calibre 38 e morreram a caminho do Pronto-Socorro Campo Limpo.
Olim disse que a vítima era vigiada 24 horas por dia e foi espancada pelos seqüestradores quando tentou se soltar da algema. Bezerra foi seqüestrado na manhã do dia 10, no Jardim São Luis quando saiu de casa para o trabalho. O carro dele foi fechado por outros dois veículos e ele foi colocado em um Santana.
"Os bandidos deixaram a vítima trancada no carro durante 12 horas dentro de uma garagem de uma casa no Jardim São Luis. Só no dia 11, na parte da manhã, eles levaram o rapaz para o cativeiro, onde ele foi algemado e teve os olhos vendados", contou Olim.
Para o delegado Wagner Giudice, responsável pela DAS, está descartada a hipótese de que o seqüestro tenha sido motivado por vingança de rivais do pai da vítima. "O tempo todo ficou claro que era um seqüestro em que os bandidos queriam dinheiro".
Há sete seqüestros em andamento no Estado de São Paulo -cinco na capital, um no interior e um no litoral sul.


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