São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pai ouviu ameaça de decapitação

DA REPORTAGEM LOCAL

Às 17h de ontem, Eleno José Bezerra, 47, recebeu um telefonema da polícia. O cativeiro de seu filho William já havia sido localizado e a operação para invadir o local já estava pronta. As duas horas seguintes, diz ele, foram as mais tensas de sua vida. Nem os calmantes aos quais recorreu nos últimos oito dias poderiam ajudá-lo. Por volta de 19h, veio a notícia: o trabalho estava feito e seu filho, bem, a caminho da delegacia.
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Bezerra conta que o primeiro contato dos seqüestradores foi feito pelo próprio celular de William. E já fizeram o pedido: R$ 800 mil. Foram mais quatro ligações com ameaças. Numa delas, Bezerra pediu uma prova de que seu filho mais velho -ele ainda tem uma filha de 21 anos- estava vivo. Recebeu uma fita de vídeo com cenas de William no cativeiro.
No início da noite de ontem, pouco depois de reencontrar William, Bezerra concedeu a seguinte entrevista à Folha por telefone:

Folha - Como foi a negociação?
Eleno José Bezerra -
Precisava tomar remédio para dormir, estava muito nervoso e, ao mesmo tempo, tinha de negociar. Foram cinco ligações desde o seqüestro.

Folha - O senhor pediu alguma prova de que seu filho estava vivo?
Bezerra -
Toda vez que falava com eles eu pedia para falar com meu filho. Então eles mandaram uma fita de vídeo para mim.

Folha - Qual foi o resgate pedido?
Bezerra -
Eles fizeram a primeira ligação do celular do meu filho e pediram R$ 800 mil. Meu salário é de R$ 4.000 brutos, sou trabalhador, não tenho esse dinheiro.

Folha - Eles fizeram ameaças?
Bezerra -
Na última ligação, na segunda-feira -acho que eles já sabiam que a polícia estava perto-, me perguntaram quanto eu tinha para dar. Eu respondi que a única coisa que tinha era meu salário do mês, minhas férias e meu 13º salário. Tudo dá mais ou menos uns R$ 10 mil.

Qual foi a reação deles?
Bezerra -
Aí eles me esculhambaram. Disseram que iriam matar meu filho, que iriam mandar a cabeça dele numa bandeja.

Como o senhor recebeu a notícia de que seu filho estava bem?
Bezerra -
Eu estava em casa. A polícia me ligou às 17h dizendo que tinham localizado o cativeiro e iriam fazer a operação. Fiquei aguardando e tudo deu certo.

Tem algum desabafo a fazer?
Bezerra -
Qualquer pai que passe o que eu passei precisa chamar a polícia no primeiro minuto. Foi um trabalho de investigação muito eficiente.


Texto Anterior: Violência: Vítima de seqüestro é libertada em SP
Próximo Texto: Seqüestrador foragido é preso em Juquitiba
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.