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Pai ouviu ameaça de decapitação
DA REPORTAGEM LOCAL
Às 17h de ontem, Eleno José Bezerra, 47, recebeu um telefonema
da polícia. O cativeiro de seu filho
William já havia sido localizado e
a operação para invadir o local já
estava pronta. As duas horas seguintes, diz ele, foram as mais tensas de sua vida. Nem os calmantes
aos quais recorreu nos últimos oito dias poderiam ajudá-lo. Por
volta de 19h, veio a notícia: o trabalho estava feito e seu filho, bem,
a caminho da delegacia.
Presidente do Sindicato dos
Metalúrgicos de São Paulo, Bezerra conta que o primeiro contato
dos seqüestradores foi feito pelo
próprio celular de William. E já fizeram o pedido: R$ 800 mil. Foram mais quatro ligações com
ameaças. Numa delas, Bezerra pediu uma prova de que seu filho
mais velho -ele ainda tem uma
filha de 21 anos- estava vivo. Recebeu uma fita de vídeo com cenas de William no cativeiro.
No início da noite de ontem,
pouco depois de reencontrar William, Bezerra concedeu a seguinte entrevista à Folha por telefone:
Folha - Como foi a negociação?
Eleno José Bezerra - Precisava tomar remédio para dormir, estava
muito nervoso e, ao mesmo tempo, tinha de negociar. Foram cinco ligações desde o seqüestro.
Folha - O senhor pediu alguma
prova de que seu filho estava vivo?
Bezerra - Toda vez que falava
com eles eu pedia para falar com
meu filho. Então eles mandaram
uma fita de vídeo para mim.
Folha - Qual foi o resgate pedido?
Bezerra - Eles fizeram a primeira
ligação do celular do meu filho e
pediram R$ 800 mil. Meu salário é
de R$ 4.000 brutos, sou trabalhador, não tenho esse dinheiro.
Folha - Eles fizeram ameaças?
Bezerra - Na última ligação, na
segunda-feira -acho que eles já
sabiam que a polícia estava perto-, me perguntaram quanto eu
tinha para dar. Eu respondi que a
única coisa que tinha era meu salário do mês, minhas férias e meu
13º salário. Tudo dá mais ou menos uns R$ 10 mil.
Qual foi a reação deles?
Bezerra - Aí eles me esculhambaram. Disseram que iriam matar
meu filho, que iriam mandar a cabeça dele numa bandeja.
Como o senhor recebeu a notícia
de que seu filho estava bem?
Bezerra - Eu estava em casa. A
polícia me ligou às 17h dizendo
que tinham localizado o cativeiro
e iriam fazer a operação. Fiquei
aguardando e tudo deu certo.
Tem algum desabafo a fazer?
Bezerra -Qualquer pai que passe
o que eu passei precisa chamar a
polícia no primeiro minuto. Foi
um trabalho de investigação muito eficiente.
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