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REFORMA CULTURAL
Prefeito transfere Museu da Cidade, que reunirá fotos e mapas sobre SP, do Parque Dom Pedro para perto do Pateo do Colégio
Serra leva museu para Solar da Marquesa
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
O Palácio das Indústrias, no
centro de São Paulo, não será
mais a sede do Museu da Cidade.
Um decreto do prefeito José Serra
(PSDB), publicado ontem no
"Diário Oficial da Cidade", transferiu a sede do futuro museu para
o conjunto formado pelo Solar da
Marquesa da Santos, pelo Beco do
Pinto e pela Casa Número Um,
próximos ao Pateo do Colégio.
O Beco do Pinto conecta o Solar
da Marquesa e a Casa Número
Um, onde ficarão o acervo iconográfico (como fotos, mapas e gravuras) da prefeitura e o material
coletado em 2004, em uma expedição de 30 pesquisadores de várias áreas, como arquitetura, antropologia, sociologia, história,
medicina e música. Esse material
deveria, inicialmente, inaugurar o
setor de exposições temporárias
no Palácio das Indústrias.
O solar é o último exemplo da
arquitetura residencial urbana do
século 18. A arquitetura da Casa
Número Um se assemelha à de
um chalé suíço. Já o beco que os
une era uma área de passagem
nos tempos de colônia.
Ainda segundo o decreto, o Palácio das Indústrias, no Parque
Dom Pedro (e que, até 2004, sediou a prefeitura), abrigará a fundação municipal Catavento
-projeto inspirado na instituição mexicana Museo de los Niños, que oferece atrações tecnológicas e científicas para crianças.
Segundo o presidente da São
Paulo Turismo, Caio Luiz de Carvalho, a fundação ficará no local
até ser transferida para o prédio
onde atualmente é a Subprefeitura da Sé, na avenida do Estado.
Críticas
A mudança feita por Serra foi
classificada de "lamentável" por
Celso Frateschi, secretário de Cultura da gestão Marta Suplicy (PT).
Para ele, a mudança inviabiliza
grande parte das atrações que o
Museu da Cidade deveria ter. "O
prédio estava ligado a um projeto.
O solar é muito singelo para o que
o programa propunha."
O projeto de Marta previa, entre
outras coisas, um átrio com uma
maquete eletrônica da cidade,
uma exposição permanente sobre
a evolução do espaço físico de São
Paulo, dois auditórios, um projeto pedagógico no galpão do palácio, onde alunos poderiam ver como a cidade funciona, e um espaço para exposições temporárias.
A implementação do museu no
Palácio das Indústrias era uma
das principais bandeiras de Marta
na recuperação do centro.
Segundo Frateschi, essa proposta já tinha verba da Petrobras e do
BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento). O ex-secretário afirma que a estatal já havia
concordado em investir cerca de
R$ 7 milhões na implementação
do museu. Do banco, eram previstos cerca de R$ 15 milhões para
a reforma do prédio. "A licitação
já havia sido aprovada pelo BID."
Para ele, a mudança no projeto
resulta da vontade de destruir as
propostas do governo anterior. "É
revoltante jogar tanto dinheiro
público fora por questões mesquinhas", afirmou.
O atual secretário da Cultura,
Carlos Augusto Calil, diz que o
patrocínio não cobria a manutenção do prédio. "Para criar um museu, não basta ter patrocínio. O
Museu da Cidade no Palácio das
Indústrias precisaria ter sido criado por um projeto de lei, enviado
à Câmara, dizendo quantos funcionários teria de contratar, quanto teria de verba anual. Um órgão
não pode ser criado por decreto."
Com a mudança, pode ter um
outro destino o patrocínio da Petrobras -que, segundo a assessoria da estatal, é de cerca de R$ 2
milhões, ou um pouco mais do
que isso, de acordo com Calil.
Segundo o secretário de Serra, a
prefeitura está negociando com a
empresa a utilização dessa verba
em reservas técnicas artísticas da
prefeitura e em outras casas históricas, além do Solar da Marquesa
e da Casa Número Um.
Em relação à verba do BID, o
presidente da SP Turismo afirma
que a licitação feita para a reforma
previa um gasto de R$ 12 milhões,
mas os projetos apresentados
custavam, no mínimo, R$ 18 milhões. "A comissão do próprio
BID vetou o projeto", afirma Caio
Luiz Carvalho.
Para abrigar a fundação Catavento, o Palácio das Indústrias deve passar por uma reforma "básica", afirma ele. O trabalho inclui
pintura, encanamento e controle
do mato que hoje toma o local,
que está abandonado. A reforma
deve durar entre quatro e cinco
meses, após a licitação da obra, e
custar de R$ 1,5 milhão a R$ 1,8
milhão. A verba para isso, diz, pode vir do orçamento ou do BID.
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