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SAÚDE
Mulher de 37 anos teve parada cardiorrespiratória após tratamento em clínica na zona sul de SP; causa da morte ainda é desconhecida
Advogada morre após cirurgia estética
FERNANDA BASSETTE
FABIANE LEITE
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A advogada e professora Silvana
Maria Turine Augusto, 37, morreu na tarde de quarta-feira com
uma parada cardiorrespiratória
após uma cirurgia de hidrolipoaspiração em uma clínica da zona
sul de São Paulo. A causa da morte é desconhecida e a polícia investiga o caso.
O procedimento foi realizado
pelo médico Romeu Bruno Molinari, 38, que nega relação da morte com a cirurgia. Molinari informou que aplicou uma injeção de
soro fisiológico associada à drenagem linfática (tipo de massagem) e ultra-som para combater
gordura localizada no alto das coxas. Ele não classificou o procedimento como lipoaspiração ou como outro tipo de cirurgia. "Ela fez
um procedimento estético".
A hidrolipoaspiração é uma técnica que não é reconhecida pela
Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica. Segundo Osvaldo Saldanha, presidente eleito da sociedade, é feita para retirar quantidades
menores de gordura.
É comum que médicos, mesmo
de outras áreas, apliquem procedimentos que não são consenso
entre seu pares.
Ainda segundo Molinari, que
afirmou ter título em Medicina
Esportiva e Clínica Médica, a paciente fez todo o procedimento na
clínica, conversou durante o processo e, quando preparava-se para ir embora, apresentou "quadro
alucinatório e convulsões". "Começou a gritar e falar como um
bebê", descreveu o médico.
Molinari levou Silvana até o
Hospital Santa Rita em seu próprio carro. De acordo com o hospital, a paciente já chegou morta.
O médico afirmou que, após a
morte, familiares da advogada lhe
disseram que ela tomava uma série de medicamentos sob orientação do endocrinologista Felippo
Pedrinola. "Ela não tinha nos informado [sobre o uso de remédios]". "Não posso afirmar, mas o
que aconteceu nos leva a pensar
em uso abusivo de substâncias."
Pedrinola explica que Silvana se
consultou apenas uma vez com
ele. "Ela contou que havia tomado
vários remédios para emagrecer
mas que, há um mês, tinha parado". Segundo o médico, foram receitados apenas um ansiolítico e
um fitoterápico. "Em nenhum
momento ela disse que faria tratamento estético. Os remédios que
receitei não causariam a morte."
O laudo sobre a morte só deve
ficar pronto em 60 dias.
Segundo Fausto Viterbo, especialista em estética e chefe da Cirurgia Plástica da Unesp, os riscos
da hidrolipoaspiração são os mesmos de qualquer cirurgia. "Não
sabemos quais foram os medicamentos que essa paciente recebeu. Além disso, se injetaram soro
em excesso, ela pode ter sofrido
uma embolia pulmonar."
Na clínica de Molinari, o procedimento básico custa R$ 4.300 e a
consulta médica, R$ 230. Segundo
informações passadas por um
atendente, a hidrolipoaspiração
seria menos invasiva do que uma
lipoaspiração comum e a gordura
é retirada por microcânulas. O
paciente recebe anestesia local e
não precisa ficar internado. O médico não citou as cânulas e a anestesia ao explicar o procedimento.
Ontem à tarde o site de Molinari
(www.brunomolinari.med.br)
procurava voluntários para a realização de tratamentos estéticos a
custos dez vezes menores.
Na sala do profissional há recortes de revistas femininas, mostrando técnicas executadas pelo
médico e fotos "antes e depois",
vetadas pelo Conselho Federal de
Medicina.
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