São Paulo, domingo, 19 de novembro de 2006

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Estudante de nutrição não tem melhora nem após internação

DA REPORTAGEM LOCAL

Anoréxica há dois anos, a estudante de nutrição Luciana (nome fictício) acabou de sair de um mês de internação. Mas em breve deve voltar para o hospital. Ela diz que tem comido apenas uma maçã e um tomate por dia e, depois, tenta vomitar ou toma um laxante.
No auge da doença, chegou aos 38 kg. Agora, está com 44 kg -e tem 1,64 de altura. Ela já apresenta diversas conseqüências da doença: anemia profunda, marcas dos dentes nas mãos (de tanto provocar vômito), sangramento intestinal e vômito com sangue -em razão de lesões gástricas e esofágicas por abusar de laxantes.
Luciana diz ficar muitas vezes indisposta e, por isso, falta bastante às aulas. Seus transtornos alimentares começaram aos 15 anos, quando teve bulimia (ingestão exagerada de comida seguida da eliminação dela, com vômito, por exemplo).
"Achava que estava gorda [com 62 kg] e minha mãe me levou ao endocrinologista. Mas, depois, eu perdi o controle da dieta que queria fazer", conta.
Sua maior meta era 40 kg. Porém, quando alcançou a meta, se deu conta de que queria emagrecer mais. No período em que ficou internada, tentou evitar a todo custo engordar e trocava estratégias para perder peso com as outras pacientes.
"Tentei fugir para vomitar, mas tinha enfermeira o tempo todo perto. Mas descobri com as meninas novos laxantes do mercado. Fiz amigas lá com as quais mantenho contato, mas acho que, na verdade, é pior conviver com pessoas com o mesmo problema", diz.
Muitas anoréxicas também trocam informações pela internet, principalmente pelo site de relacionamentos Orkut.
Apesar de Luciana ter transtornos alimentares há seis anos, seus pais só descobriram neste ano que ela estava com anorexia. "A bulimia eles nunca perceberam. Mas emagreci 10 kg em duas semanas e daí procuraram ajuda", diz ela, que toda vez que se olha no espelho se enxerga com 200 kg.
"Tenho nojo da comida, mas ao mesmo tempo tenho fome. Luto todos os dias contra a fome", diz Luciana. (AFRA BALAZINA)


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