São Paulo, domingo, 19 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Manchas de sangue podem revelar assassino de idosos

Vestígios em muros de casas vizinhas a do casal assassinado no Sumaré reforçam depoimento do filho dos aposentados

Rogério Tavares e a avó disseram que um homem encapuzado havia invadido a casa em que viviam em um bairro nobre de São Paulo

DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia paulista identificou mais vestígios do que seria uma rota de fuga do assassino do casal de aposentados Sebastião e Hilda Tavares, mortos a facadas anteontem no Sumaré (zona oeste de SP).
Segundo o delegado José Vinciprova Sobrinho, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), havia manchas de sangue em dois muros de casas vizinhas à da família Tavares, possivelmente marcas de sapato e de mãos. De acordo com a investigação, o suspeito, após o crime, teria escalado o muro da lateral da casa das vítimas, caído no terreno de uma casa vizinha e pulado o muro para cair em uma terceira residência. Dali teria fugido por um portão que dá para a rua.
A polícia agora tenta identificar essa pessoa. Testes com reagentes químicos feitos anteontem e ontem confirmaram se tratar de sangue humano. Os perigos ainda não sabem se a amostra de sangue vai permitir a definição do tipo sangüíneo e o exame de DNA.
A hipótese da polícia reforça o depoimento informal do escrevente técnico Rogério Gonçalves Tavares, 42, filho do casal, e da aposentada Isaura da Purificação Gonçalves, 93, mãe de Hilda, que também estavam na casa. Ambos disseram que um homem encapuzado invadiu o local. Tavares foi ferido a facadas na nuca. Foi internado no hospital e teve alta ontem. Isaura não se feriu.
Tavares chegou a ser apontado pela polícia como suspeito. Ontem, com os novos indícios, o escrevente era tratado como vítima pelos policiais. "O DHPP entende que ele é vítima", disse o delegado Vinciprova Sobrinho. Tavares e Isaura serão ouvidos formalmente nesta semana. Dez pessoas da vizinhança foram intimadas a depor.
Policiais do DHPP fizeram uma nova varredura na casa das vítimas. Eles procuravam a arma usada no crime.
Os policiais também procuravam ontem imagens de circuitos internos de vídeo de prédios vizinhos.
Anteontem, os peritos encontraram uma faca no quarto do casal, mas não havia sangue. O objeto será submetido a um exame mais minucioso.
A casa onde moravam Sebastião, 71, e Hilda, 68, foi pichada. Entre os dizeres, a palavra "assassino". As pessoas que cometeram o ato de vandalismo passam para dentro do portão da residência dos aposentados assassinados.
Questionado ontem sobre a invasão do local do crime, o delegado Vinciprova Sobrinho disse que a casa, que já tinha passado por perícia, vinha sendo "preservada" pela polícia. "Mas é um local de fácil acesso", justificou durante o enterro do casal. Um outro filho das vítimas, Valter, havia pedido para falar com o delegado sobre a invasão, por isso o policial foi ao cemitério.
O casal foi enterrado ontem por volta das 14h no cemitério Getsêmani, no Morumbi (zona sul de SP). O filho agredido na data em que morreram, Rogério, não compareceu.
A mãe de Hilda, Isaura, 93, ficou sentada na frente dos caixões, chorando muito, ao lado de Valter, o outro neto, que não quis falar do caso. "Queria ter a bondade de Sebastião. Ele já estava no céu", disse um familiar que não quis se identificar. (MA RIANNE PIEMONTE, RICARDO GALLO, FABIANE LEITE E GILMAR PENTEADO)


Texto Anterior: Gilberto Dimenstein: Talentos jogados no lixo
Próximo Texto: Boeing voava fora da altitude usual
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.