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Manchas de sangue podem revelar assassino de idosos
Vestígios em muros de casas vizinhas a do casal assassinado no Sumaré reforçam depoimento do filho dos aposentados
Rogério Tavares e a avó disseram que um homem encapuzado havia invadido a casa em que viviam em um bairro nobre de São Paulo
DA REPORTAGEM LOCAL
A polícia paulista identificou
mais vestígios do que seria uma
rota de fuga do assassino do casal de aposentados Sebastião e
Hilda Tavares, mortos a facadas anteontem no Sumaré (zona oeste de SP).
Segundo o delegado José
Vinciprova Sobrinho, do Departamento de Homicídios e
Proteção à Pessoa (DHPP), havia manchas de sangue em dois
muros de casas vizinhas à da família Tavares, possivelmente
marcas de sapato e de mãos. De
acordo com a investigação, o
suspeito, após o crime, teria escalado o muro da lateral da casa
das vítimas, caído no terreno de
uma casa vizinha e pulado o
muro para cair em uma terceira
residência. Dali teria fugido por
um portão que dá para a rua.
A polícia agora tenta identificar essa pessoa. Testes com
reagentes químicos feitos anteontem e ontem confirmaram
se tratar de sangue humano. Os
perigos ainda não sabem se a
amostra de sangue vai permitir
a definição do tipo sangüíneo e
o exame de DNA.
A hipótese da polícia reforça
o depoimento informal do escrevente técnico Rogério Gonçalves Tavares, 42, filho do casal, e da aposentada Isaura da
Purificação Gonçalves, 93, mãe
de Hilda, que também estavam
na casa. Ambos disseram que
um homem encapuzado invadiu o local. Tavares foi ferido a
facadas na nuca. Foi internado
no hospital e teve alta ontem.
Isaura não se feriu.
Tavares chegou a ser apontado pela polícia como suspeito.
Ontem, com os novos indícios,
o escrevente era tratado como
vítima pelos policiais. "O DHPP
entende que ele é vítima", disse
o delegado Vinciprova Sobrinho. Tavares e Isaura serão ouvidos formalmente nesta semana. Dez pessoas da vizinhança
foram intimadas a depor.
Policiais do DHPP fizeram
uma nova varredura na casa
das vítimas. Eles procuravam a
arma usada no crime.
Os policiais também procuravam ontem imagens de circuitos internos de vídeo de prédios vizinhos.
Anteontem, os peritos encontraram uma faca no quarto
do casal, mas não havia sangue.
O objeto será submetido a um
exame mais minucioso.
A casa onde moravam Sebastião, 71, e Hilda, 68, foi pichada.
Entre os dizeres, a palavra "assassino". As pessoas que cometeram o ato de vandalismo passam para dentro do portão da
residência dos aposentados assassinados.
Questionado ontem sobre a
invasão do local do crime, o delegado Vinciprova Sobrinho
disse que a casa, que já tinha
passado por perícia, vinha sendo "preservada" pela polícia.
"Mas é um local de fácil acesso", justificou durante o enterro do casal. Um outro filho das
vítimas, Valter, havia pedido
para falar com o delegado sobre
a invasão, por isso o policial foi
ao cemitério.
O casal foi enterrado ontem
por volta das 14h no cemitério
Getsêmani, no Morumbi (zona
sul de SP). O filho agredido na
data em que morreram, Rogério, não compareceu.
A mãe de Hilda, Isaura, 93, ficou sentada na frente dos caixões, chorando muito, ao lado
de Valter, o outro neto, que não
quis falar do caso. "Queria ter a
bondade de Sebastião. Ele já estava no céu", disse um familiar
que não quis se identificar.
(MA
RIANNE PIEMONTE, RICARDO GALLO, FABIANE LEITE E GILMAR PENTEADO)
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