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Rodovia em SP vai passar a 200 m de sítio arqueológico
Área foi retirada do trajeto após acordo entre prefeitura e governo paulista
Local guarda vestígios da colonização do litoral e tem visitação monitorada; para secretária, via é importante apesar dos vários impactos
Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
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Sítio arqueológico São Francisco, em São Sebastião; nova pista no litoral norte de SP deve passar a cerca de 200 metros do local
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Sebastião
entrou em acordo com a Secretaria de Estado dos Transportes para livrar o sítio arqueológico São Francisco, que é reconhecido pelo Iphan (Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), do trajeto da
da nova rodovia de pista dupla
que ligará a Tamoios (SP-99)
até Guaecá, na costa sul.
Pela proposta do governo, a
estrada vai passar a cerca de
200 metros do sítio arqueológico, uma área com 1,2 milhão de
metros quadrados (quase equivalente à do parque Ibirapuera)
que guarda vestígios da colonização do litoral paulista.
O sítio foi incluído em um
projeto da Secretaria de Estado
da Cultura em razão da importância para a história da migração africana para o Brasil.
O arqueólogo Wagner Bornal, responsável pelo sítio, diz
que o local guarda referências
importantes sobre a relação entre o tráfico negreiro e as culturas de cana-de-açúcar e café, a
partir do século 18. Há restos de
construções, sistemas de captação de água e cerâmica, dispostos em três áreas de uma antiga
fazenda, abandonada após a decadência da cana no Estado.
Dentro do Parque Estadual
da Serra do Mar e a uma altitude de 270 metros acima do nível do mar, o local conta com
trilhas, circundando a serra,
que permitem observar o canal
de São Sebastião. Hoje, só é
permitido entrar com monitor
credenciado e após autorização
da Secretaria de Cultura e Turismo. "Temos um dos maiores
sítios do Brasil. Em janeiro, vamos abrir todos os setores à visitação pública", diz Bornal.
A secretária do Meio Ambiente de São Sebastião, Waltraud Rennert Rossi, disse ter
conversado pessoalmente sobre o sítio com o secretário dos
Transportes, Mauro Arce.
Segundo ela, foi acertado que
os técnicos, caso seja necessário, farão desvios no trajeto da
rodovia para evitar que haja danos ao sítio, uma das apostas da
prefeitura para oferecer alternativas aos turistas. "Vão fazer
túneis, mas precisamos acompanhar de perto", disse.
A secretária diz avaliar que,
apesar dos impactos que a cidade vai sofrer, a obra é necessária.
(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO)
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