São Paulo, quinta-feira, 19 de novembro de 2009

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Rodovia em SP vai passar a 200 m de sítio arqueológico

Área foi retirada do trajeto após acordo entre prefeitura e governo paulista

Local guarda vestígios da colonização do litoral e tem visitação monitorada; para secretária, via é importante apesar dos vários impactos

Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
Sítio arqueológico São Francisco, em São Sebastião; nova pista no litoral norte de SP deve passar a cerca de 200 metros do local

DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Sebastião entrou em acordo com a Secretaria de Estado dos Transportes para livrar o sítio arqueológico São Francisco, que é reconhecido pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), do trajeto da da nova rodovia de pista dupla que ligará a Tamoios (SP-99) até Guaecá, na costa sul.
Pela proposta do governo, a estrada vai passar a cerca de 200 metros do sítio arqueológico, uma área com 1,2 milhão de metros quadrados (quase equivalente à do parque Ibirapuera) que guarda vestígios da colonização do litoral paulista.
O sítio foi incluído em um projeto da Secretaria de Estado da Cultura em razão da importância para a história da migração africana para o Brasil.
O arqueólogo Wagner Bornal, responsável pelo sítio, diz que o local guarda referências importantes sobre a relação entre o tráfico negreiro e as culturas de cana-de-açúcar e café, a partir do século 18. Há restos de construções, sistemas de captação de água e cerâmica, dispostos em três áreas de uma antiga fazenda, abandonada após a decadência da cana no Estado.
Dentro do Parque Estadual da Serra do Mar e a uma altitude de 270 metros acima do nível do mar, o local conta com trilhas, circundando a serra, que permitem observar o canal de São Sebastião. Hoje, só é permitido entrar com monitor credenciado e após autorização da Secretaria de Cultura e Turismo. "Temos um dos maiores sítios do Brasil. Em janeiro, vamos abrir todos os setores à visitação pública", diz Bornal.
A secretária do Meio Ambiente de São Sebastião, Waltraud Rennert Rossi, disse ter conversado pessoalmente sobre o sítio com o secretário dos Transportes, Mauro Arce.
Segundo ela, foi acertado que os técnicos, caso seja necessário, farão desvios no trajeto da rodovia para evitar que haja danos ao sítio, uma das apostas da prefeitura para oferecer alternativas aos turistas. "Vão fazer túneis, mas precisamos acompanhar de perto", disse.
A secretária diz avaliar que, apesar dos impactos que a cidade vai sofrer, a obra é necessária. (JOSÉ ERNESTO CREDENDIO)


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