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Em rua de favela e esgoto a céu aberto, valorização foi de 139%
TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Na rua Professor José Nelo
Lorenzon, na Barra Funda, há
uma favela de palafitas sobre
um córrego cor de lodo que recebe todo o esgoto da região.
Nos cerca de 600 metros de extensão da rua, há ainda prédios
do Projeto Cingapura e casas de
alvenaria, que já foram regularizadas após terem sido invadidas muito tempo atrás.
No último ano, os ratos e pernilongos continuaram a invadir
as casas. O esgoto continuou a
transbordar e a causar enchentes na época de chuvas e o asfalto permaneceu destruído.
Se algo mudou, foi para pior,
dizem os moradores. Mesmo
assim, sem nenhuma melhoria,
as casas e os apartamentos da
rua passaram a valer o dobro
para a prefeitura -houve um
aumento de até 139%.
"Aqui continua a mesma coisa. Esse córrego era para ter virado uma avenida, que até hoje
não saiu do papel. Não tem iluminação, não tem asfalto", diz a
desempregada Maria do Carmo
Dias, 56, moradora da rua.
"A gente vive quase dentro do
córrego. Só falta começarem a
cobrar IPTU", diz a dona de casa Salete Gomes Batista, 47,
que é isenta do pagamento, assim como o restante da rua.
A valorização confunde até
corretores de imóveis da região. "Nada justifica esse reajuste. Se ainda tivessem canalizado o córrego, mas não teve
melhoria nenhuma por lá", diz
Fernando Pires, dono da imobiliária Salam. José Marcos Ribeiro, da Horus Imóveis, concorda. "Na região, houve uma
valorização de 70%, em média.
Foram construídos muitos empreendimentos próximos, hipermercados, universidades.
Mas aumentar o valor em mais
de 100% é muita coisa", afirma.
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