São Paulo, quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Em rua de favela e esgoto a céu aberto, valorização foi de 139%

TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Na rua Professor José Nelo Lorenzon, na Barra Funda, há uma favela de palafitas sobre um córrego cor de lodo que recebe todo o esgoto da região. Nos cerca de 600 metros de extensão da rua, há ainda prédios do Projeto Cingapura e casas de alvenaria, que já foram regularizadas após terem sido invadidas muito tempo atrás.
No último ano, os ratos e pernilongos continuaram a invadir as casas. O esgoto continuou a transbordar e a causar enchentes na época de chuvas e o asfalto permaneceu destruído.
Se algo mudou, foi para pior, dizem os moradores. Mesmo assim, sem nenhuma melhoria, as casas e os apartamentos da rua passaram a valer o dobro para a prefeitura -houve um aumento de até 139%.
"Aqui continua a mesma coisa. Esse córrego era para ter virado uma avenida, que até hoje não saiu do papel. Não tem iluminação, não tem asfalto", diz a desempregada Maria do Carmo Dias, 56, moradora da rua.
"A gente vive quase dentro do córrego. Só falta começarem a cobrar IPTU", diz a dona de casa Salete Gomes Batista, 47, que é isenta do pagamento, assim como o restante da rua.
A valorização confunde até corretores de imóveis da região. "Nada justifica esse reajuste. Se ainda tivessem canalizado o córrego, mas não teve melhoria nenhuma por lá", diz Fernando Pires, dono da imobiliária Salam. José Marcos Ribeiro, da Horus Imóveis, concorda. "Na região, houve uma valorização de 70%, em média. Foram construídos muitos empreendimentos próximos, hipermercados, universidades. Mas aumentar o valor em mais de 100% é muita coisa", afirma.


Texto Anterior: Conselho pede revisão do IPTU no centro
Próximo Texto: Prazo para comprar crédito acaba no dia 26
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.