São Paulo, quinta-feira, 19 de novembro de 2009

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Com mais energia, Itaipu causou "dependência" no SE

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A hidrelétrica de Itaipu enviou mais energia para o Sudeste nos primeiros dias de novembro deste ano do que no mesmo período dos últimos dois anos. De acordo com especialistas ouvidos pela Folha, a quantidade de energia transmitida da usina binacional pode ser um dos fatores que levaram ao blecaute de terça-feira da semana passada.
A avaliação é que pode ter se criado uma dependência excessiva, o que levou a que 18 Estados ficassem sem luz por aproximadamente 3h30 por conta da interrupção no funcionamento das linhas que trazem a geração da usina. Até o momento, essa hipótese não foi cogitada pelo governo, que prefere manter a versão do curto-circuito causado por condições climáticas adversas.
Nos nove primeiros dias de novembro, Itaipu enviou, em média, 9.635 MW médios para a região Sudeste, o que representa um acréscimo de 3,8% em relação ao mesmo período do ano passado e de 2% em relação ao ano de 2007. No momento do blecaute, Itaipu enviava 10.900 MW para a região.
"Tenho convicção que esse é um ponto importante a ser abordado. O nível de potência de Itaipu estava muito elevado para o horário. Não era possível perder essa energia sem que o subsistema do Sudeste perdesse a estabilidade", disse o professor Niromar Resende, do curso de Engenharia Elétrica da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
Segundo ele, é importante apurar por que Itaipu estava gerando tanto. Do do ponto de vista econômico, diz, é correto que uma usina como Itaipu, que quase não tem reservatório gere sempre a 100% de sua capacidade. Ele diz que, à noite, quando o consumo de energia diminui, outras usinas param de gerar e, com isso, o peso de Itaipu no sistema aumenta.
"A geração de Itaipu estava muito forte naquele momento. Com a diminuição da carga, ficou um peso muito grande para Itaipu, o que não é desejável. Mas isso não é culpa de Itaipu. Quem faz o despacho das usinas é o ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico]", disse o professor Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe/UFRJ e ex-presidente da Eletrobrás.
Segundo Hermes Chipp, diretor-geral do ONS, há um critério de segurança para decidir o quanto cada usina vai gerar.


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