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Com mais energia, Itaipu causou "dependência" no SE
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A hidrelétrica de Itaipu enviou mais energia para o Sudeste nos primeiros dias de novembro deste ano do que no
mesmo período dos últimos
dois anos. De acordo com especialistas ouvidos pela Folha, a
quantidade de energia transmitida da usina binacional pode ser um dos fatores que levaram ao blecaute de terça-feira
da semana passada.
A avaliação é que pode ter se
criado uma dependência excessiva, o que levou a que 18 Estados ficassem sem luz por aproximadamente 3h30 por conta
da interrupção no funcionamento das linhas que trazem a
geração da usina. Até o momento, essa hipótese não foi
cogitada pelo governo, que prefere manter a versão do curto-circuito causado por condições
climáticas adversas.
Nos nove primeiros dias de
novembro, Itaipu enviou, em
média, 9.635 MW médios para
a região Sudeste, o que representa um acréscimo de 3,8%
em relação ao mesmo período
do ano passado e de 2% em relação ao ano de 2007. No momento do blecaute, Itaipu enviava 10.900 MW para a região.
"Tenho convicção que esse é
um ponto importante a ser
abordado. O nível de potência
de Itaipu estava muito elevado
para o horário. Não era possível
perder essa energia sem que o
subsistema do Sudeste perdesse a estabilidade", disse o professor Niromar Resende, do
curso de Engenharia Elétrica
da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
Segundo ele, é importante
apurar por que Itaipu estava
gerando tanto. Do do ponto de
vista econômico, diz, é correto
que uma usina como Itaipu,
que quase não tem reservatório
gere sempre a 100% de sua capacidade. Ele diz que, à noite,
quando o consumo de energia
diminui, outras usinas param
de gerar e, com isso, o peso de
Itaipu no sistema aumenta.
"A geração de Itaipu estava
muito forte naquele momento.
Com a diminuição da carga, ficou um peso muito grande para
Itaipu, o que não é desejável.
Mas isso não é culpa de Itaipu.
Quem faz o despacho das usinas é o ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico]", disse
o professor Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe/UFRJ e
ex-presidente da Eletrobrás.
Segundo Hermes Chipp, diretor-geral do ONS, há um critério de segurança para decidir
o quanto cada usina vai gerar.
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