São Paulo, quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

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"Só ouvi os gritos dele, mas não pude fazer nada", afirma irmã de adolescente

COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

A costureira Débora Rodrigues, 26, irmã de Carlos Rodrigues Júnior, diz que ouviu o adolescente gritar enquanto era torturado por policiais no quarto de sua casa. Ela e sua mãe, Elenice Silveira Rodrigues, 53, estavam na casa, no núcleo habitacional Mary Dota, durante a abordagem policial, no último sábado.
As duas depuseram ontem na Delegacia Seccional de Bauru.
A mãe do garoto foi orientada pelo advogado da família a não falar com a imprensa. A seguir, trechos da entrevista:

 

FOLHA - Como começou a história?
DÉBORA RODRIGUES -
Eles [policiais] invadiram a casa, sem mandado, mandando a gente abrir a porta e colocar a mão na cabeça. Não deu tempo de nada. Entraram cinco [PMs] dentro do quarto e fecharam a porta. Só ouvi os gritos dele, mas não pude fazer nada.

FOLHA - A sra. viu algo dentro do quarto?
DÉBORA -
Teve um momento em que eles abriram a porta e eu vi meu irmão já caído no chão. Pela imagem que eu tenho gravada na cabeça ele já estava inconsciente.

FOLHA - E quando eles saíram do quarto, o que falaram?
DÉBORA -
Não falaram nada, só ouvi um policial dizendo que tinha que levar meu irmão para o pronto-socorro.

FOLHA - Eles ficaram quanto tempo com seu irmão?
DÉBORA -
Mais ou menos uma hora.

FOLHA - A sra. já imaginava o resultado do laudo?
DÉBORA -
A gente já imaginava, pelo que vimos no corpo dele. Mas é uma coisa lamentável. A gente pede justiça. A família está indignada. Minha mãe não come, não dorme. Minha mãe está em estado de choque. Ela está completamente atordoada, no psiquiatra, com calmante. A gente quer justiça e punição, para mostrar que a nossa lei é válida para todos.

FOLHA - Como era o seu irmão?
DÉBORA -
Um garoto de 15 anos que tinha um mundo pela frente e simplesmente foi brutalmente assassinado. Ele era um garoto alegre, um garoto que estava ali todos os dias sorrindo e brincando. Ele trabalhava com a gente na minha oficina de costura desde que meu pai morreu.


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