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Corregedoria da Polícia Civil assume a investigação sobre a morte de Ryan
KLEBER TOMAZ
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
De forma incomum, a Corregedoria da Polícia Civil de São
Paulo assumiu ontem a investigação sobre as causas da morte
de Ryan Gracie, 33. O órgão,
que tem como atribuição apurar a conduta irregular de policiais, porém, nega haver responsabilidade de seus agentes.
A Corregedoria informou
que investigará suposto erro
médico ou morte acidental.
Quer saber se o coquetel de seis
remédios dado pelo psiquiatra
de Ryan, Sabino Ferreira de Farias Neto, após a prisão, matou
o lutador ou se ele morreu em
decorrência de uma overdose
de cocaína, maconha e remédio
contra ansiedade, que teria ingerido antes de ser preso.
A Corregedoria assume o caso num momento que ele era
conduzido pelo 91º DP (Vila
Leopoldina), onde o lutador
morreu. Antes, a participação
do órgão estava sendo a de apurar se policiais receberam dinheiro do psiquiatra para que
Ryan tivesse privilégios na cela.
Questionado, o delegado José Antônio Ayres de Araújo, do
órgão, justificou a decisão de
assumir o inquérito alegando
que, além de ser um caso de repercussão, já havia colhido bastante depoimentos.
O Ministério Público informou que a Corregedoria não é
órgão competente para apurar
as causas da morte. O promotor
Paulo D'Amico Junior pretende enviar na Justiça um pedido
para que a apuração seja feita
pela Delegacia Seccional Oeste.
O corpo de Ryan foi achado
por policiais na cela na manhã
de sábado 17 horas após o lutador ter sido preso.
Segundo o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador da
Unidade de Pesquisa em Álcool
e Drogas da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo),
apenas a cocaína não seria suficiente para matá-lo. Os efeitos
de uma overdose da droga duram cerca de 12 horas -Gracie
foi detido no início da tarde de
sexta-feira e encontrado morto
às 8h do dia seguinte; o psiquiatra Farias Neto afirmou ter ficado com ele até as 6h.
O médico de Ryan disse ter-lhe dado seis remédios para
acalmá-lo, pois, segundo ele, o
lutador estava sob efeito de
drogas. Sua conduta está sendo
investigada pelo Cremesp
(Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo).
Laranjeira disse que nem os
remédios dados pelo psiquiatra
poderiam, por si sós, provocar a
morte. Ele, porém, chama a
atenção para o fato de que era
possível que o lutador, como
muitos atletas, usasse anabolizantes. Com 1,75 m, pesava 110
kg. "O coração de uma pessoa
que toma anabólico esteróide
tem propensão à arritmia [alterações nos batimentos cardíacos que podem levar à morte]."
À polícia, Farias Neto disse
que Ryan, durante a madrugada, estava com a pressão alta (17
x 10) e tinha tarquicardia, mas
que "esse quadro clínico não indicaria internação". Médicos
ouvidos pela Folha concordam
que esses dois sintomas não seriam suficientes para matar o
lutador, mas que o ideal seria
levá-lo para um hospital.
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