São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Corregedoria detém tenente por enviar e-mail a deputados

Na mensagem, o policial pedia a aprovação de projeto que alterava postos e quadros de graduação da Polícia Militar

Em 24 anos na polícia, o tenente Aurélio Tavares de Oliveira nunca havia sido investigado sob a suspeita de qualquer irregularidade

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Com 24 anos de trabalho na Polícia Militar de São Paulo, o 1º tenente Aurélio Tavares de Oliveira, 47, foi detido no início do mês pela Corregedoria da PM por ter enviado um e-mail a deputados estaduais paulistas.
O e-mail foi enviado pelo tenente em 12 de novembro, do computador de sua casa e por meio de seu e-mail pessoal. "Oficial PM implora por Justiça" era o título da mensagem. Nela, o tenente pedia apoio dos deputados para que aprovassem emenda a um projeto que tramitava na Assembléia, que alterava postos e quadros de graduação da PM.
A Corregedoria da PM tem como um de seus principais objetivos investigar policiais suspeitos de terem cometido todos os tipos de crime, de um furto até um homicídio.
Em 24 anos na PM, o tenente Oliveira nunca havia sido investigado sob a suspeita de qualquer irregularidade.
Na manhã de 4 de dezembro, após a Assembléia ter aprovado o projeto (a emenda havia sido aprovada em 17 de novembro), o tenente foi chamado à sede da Corregedoria da PM, na Luz (centro de SP), e ficou detido.
Em uma sala com grades, ele foi proibido de deixar o local sem autorização. Segundo o advogado Paulo Sérgio Maiolino, o tenente foi interrogado "com extrema rispidez" pelo capitão Osvaldo Tadeu Flores. Alegando não saber o motivo da detenção, Oliveira não respondeu às 52 perguntas de Flores.
Oliveira só foi liberado da Corregedoria após quase duas horas e meia. Segundo o advogado, a soltura ocorreu após ele pedir ajuda a alguns deputados.

A emenda
No e-mail, que foi encaminhado a 57 dos 94 deputados estaduais, o tenente defendia a aprovação de uma emenda permitindo a criação de 18 vagas para capitão e uma para major no Quadro Auxiliar de Oficiais da Polícia Militar (QAOPM).
Nas promoções dentro da PM, há distinção entre os oficiais do QAOPM e os do Quadro de Oficiais da PM (QOPM), aqueles que cursam quatro anos na Academia da Polícia Militar do Barro Branco e, ao se formar, já assumem como aspirantes a oficiais.
Na PM desde os 23 anos de idade, o tenente integra o QAOPM -chegou ao oficialato após atuar 15 anos como soldado, cabo e sargento e de ter sido aprovado na Academia da PM, onde estudou por um ano.
De acordo com Paulo Sérgio Maiolino, advogado do tenente, o e-mail dele para os deputados foi repassado pelo deputado estadual André Soares (DEM) para o coronel da PM Celso Pinhata Junior, chefe da assessoria militar da Assembléia.
Do coronel Pinhata, a mensagem, ainda segundo Maiolino, seguiu para as mãos do comandante-geral da PM, coronel Roberto Antonio Diniz, que acionou a Corregedoria.


Texto Anterior: PF normaliza serviço de emissão de passaportes
Próximo Texto: Outro lado: Coronel afirma que PM foi "apenas ouvido"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.