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Corregedoria detém tenente por enviar e-mail a deputados
Na mensagem, o policial pedia a aprovação de projeto que alterava postos e quadros de graduação da Polícia Militar
Em 24 anos na polícia, o tenente Aurélio Tavares de Oliveira nunca havia sido investigado sob a suspeita de qualquer irregularidade
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Com 24 anos de trabalho na
Polícia Militar de São Paulo, o
1º tenente Aurélio Tavares de
Oliveira, 47, foi detido no início
do mês pela Corregedoria da
PM por ter enviado um e-mail a
deputados estaduais paulistas.
O e-mail foi enviado pelo tenente em 12 de novembro, do
computador de sua casa e por
meio de seu e-mail pessoal.
"Oficial PM implora por Justiça" era o título da mensagem.
Nela, o tenente pedia apoio dos
deputados para que aprovassem emenda a um projeto que
tramitava na Assembléia, que
alterava postos e quadros de
graduação da PM.
A Corregedoria da PM tem
como um de seus principais objetivos investigar policiais suspeitos de terem cometido todos
os tipos de crime, de um furto
até um homicídio.
Em 24 anos na PM, o tenente
Oliveira nunca havia sido investigado sob a suspeita de
qualquer irregularidade.
Na manhã de 4 de dezembro,
após a Assembléia ter aprovado
o projeto (a emenda havia sido
aprovada em 17 de novembro),
o tenente foi chamado à sede da
Corregedoria da PM, na Luz
(centro de SP), e ficou detido.
Em uma sala com grades, ele
foi proibido de deixar o local
sem autorização. Segundo o advogado Paulo Sérgio Maiolino,
o tenente foi interrogado "com
extrema rispidez" pelo capitão
Osvaldo Tadeu Flores. Alegando não saber o motivo da detenção, Oliveira não respondeu às
52 perguntas de Flores.
Oliveira só foi liberado da
Corregedoria após quase duas
horas e meia. Segundo o advogado, a soltura ocorreu após ele
pedir ajuda a alguns deputados.
A emenda
No e-mail, que foi encaminhado a 57 dos 94 deputados
estaduais, o tenente defendia a
aprovação de uma emenda permitindo a criação de 18 vagas
para capitão e uma para major
no Quadro Auxiliar de Oficiais
da Polícia Militar (QAOPM).
Nas promoções dentro da
PM, há distinção entre os oficiais do QAOPM e os do Quadro
de Oficiais da PM (QOPM),
aqueles que cursam quatro
anos na Academia da Polícia
Militar do Barro Branco e, ao se
formar, já assumem como aspirantes a oficiais.
Na PM desde os 23 anos de
idade, o tenente integra o
QAOPM -chegou ao oficialato
após atuar 15 anos como soldado, cabo e sargento e de ter sido
aprovado na Academia da PM,
onde estudou por um ano.
De acordo com Paulo Sérgio
Maiolino, advogado do tenente,
o e-mail dele para os deputados
foi repassado pelo deputado estadual André Soares (DEM) para o coronel da PM Celso Pinhata Junior, chefe da assessoria militar da Assembléia.
Do coronel Pinhata, a mensagem, ainda segundo Maiolino,
seguiu para as mãos do comandante-geral da PM, coronel Roberto Antonio Diniz, que acionou a Corregedoria.
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