São Paulo, sábado, 19 de dezembro de 2009

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entrevista

Acesso a álcool deve ser adiado, diz psiquiatra

ALESSANDRA BALLES
DA REDAÇÃO

Experimentar álcool precocemente aumenta chances de abusar da bebida na vida adulta e de se envolver em episódios de violência. "É preciso retardar o acesso", diz Ronaldo Laranjeira, professor de psiquiatria da Unifesp.

 

FOLHA - Começar a beber cedo pode estimular o abuso do álcool na vida adulta?
RONALDO LARANJEIRA -
Com certeza. Estudos mostram que, quanto mais precocemente se experimenta o álcool, maior a chance de desenvolver alcoolismo.

FOLHA - Que outros problemas pode acarretar?
LARANJEIRA -
Os adolescentes predominantemente bebem em grande volume. É o que chamamos de pico de consumo. Então ficam mais propensos a se envolverem em acidentes.

FOLHA - De trânsito?
LARANJEIRA -
Não somente acidentes de carro, mas outros, como quedas, se envolver em brigas, em episódios de violência, fazer sexo sem proteção.

FOLHA - Adolescentes também buscam ajuda contra o abuso de álcool?
LARANJEIRA -
Não é comum. Geralmente, buscam ajuda para tratar as consequências, como o resultado de acidentes.

FOLHA - Como ajudar?
LARANJEIRA -
A OMS [Organização Mundial da Saúde] recomenda políticas para diminuir drasticamente o acesso do jovem ao álcool. Nos EUA, só maiores de 21 anos podem comprar bebida. E essa é uma tendência.

FOLHA - E a família?
LARANJEIRA -
Precisa ter em mente que a socialização do jovem acontece fora. Se experimenta álcool em casa, é na rua que abusa. Então a família não deve estimular o álcool mesmo no ambiente doméstico, porque é um risco e aumenta a chance do consumo fora desse ambiente.

FOLHA - Há uma maneira de prevenir o problema?
LARANJEIRA -
A sociedade tem de ficar atenta ao uso ilegal de uma droga legal. É proibido vender álcool a menores de 18 anos. É preciso aumentar o preço e diminuir o acesso a ela, retardar o acesso. E a família não pode estimular o consumo em casa.

FOLHA - Abusar do álcool leva mesmo ao consumo de outras drogas?
LARANJEIRA -
Pesquisas mostram que, quanto mais precocemente se experimenta álcool, maiores as chances de experimentar também outras drogas, como a maconha.


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