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Segundo o Incra, terreno oferecido por empresário como garantia de pagamento de dívida não existe
Prefeitura avalia em R$ 37 mi área fantasma
EDUARDO ATHAYDE
GIBA BERGAMIM JR.
DO "AGORA"
A Prefeitura de São Paulo avaliou em R$ 37 milhões um terreno
que, de acordo com o Incra (Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária), não existe. O
valor da área consta em documento assinado em 22 de janeiro
de 2003 pelo presidente da
SPTrans (empresa gerenciadora
do transporte coletivo na capital),
Gerson Luis Bittencourt.
O terreno, em São Bernardo do
Campo, foi apresentado por
Samy Gelman Jaroviski, dono da
Transportes Urbanos Cidade Tiradentes, como garantia de que
ele pagaria os R$ 11,5 milhões que
a SPTrans injetou na empresa de
outubro de 2002 a janeiro deste
ano. O dinheiro teria sido usado
para pagar salários atrasados.
Jaroviski é acusado de estelionato e foi preso anteontem (leia texto nesta pág.). Segundo o Incra, o
único terreno em nome dele cadastrado pelo órgão tem 24 mil m2
e fica em Embu (Grande SP).
De acordo com documentos
fornecidos à administração municipal por Jaroviski, o suposto
terreno de São Bernardo, que estaria localizado no bairro rural
Curucutu, foi comprado em junho de 2001 por R$ 2 milhões. Um
ano e meio depois a SPTrans avaliou a mesma área fantasma em
R$ 37 milhões.
Segundo o Creci-SP (Conselho
Regional de Corretores de Imóveis) é impossível uma área rural
em região de manancial valorizar
1.600% em 18 meses. A inflação
do período, de acordo com o IGP-M, foi de 34%. O índice elevaria o
preço para R$ 2,6 milhões.
A constatação do Creci-SP significa que, além de aceitar como
garantia um terreno que não existe, a SPTrans o supervalorizou. A
área, segundo o empresário, tinha
2,3 milhões de m2s e estava registrada no 2º Cartório de Imóveis
de São Bernardo do Campo, com
o número de matrícula 18.909.
Para custar R$ 37 milhões, o
metro quadrado teria de valer R$
16. Segundo integrantes do Creci-SP, o custo máximo em Curucutu,
por ser área de manancial, é R$
1,70. Ou seja, o terreno poderia
chegar a valer R$ 3,9 milhões.
Em entrevista concedida anteontem no escritório de seu advogado, horas antes de ser preso,
Jaroviski disse que pagou R$ 2 milhões pelo terreno a Amaro Guedes Barbosa. "A SPTrans aceitou
em garantia e se deu por bem satisfeita. Se ela (SPTrans) achasse
que o imóvel não era aceitável,
que mandasse uma carta e pedisse substituição da garantia", disse
na ocasião o advogado de Jaroviski, Daniel Simoncello.
A polícia acredita que o empresário tenha falsificado os documentos apresentados à SPTrans.
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