|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GOVERNO FEDERAL
Moradores receberão R$ 50 por mês
Bolsa beneficiará mil jovens da favela carioca Cidade de Deus
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal pretende utilizar a "bolsa-tráfico", no valor de
R$ 50 mensais durante seis meses,
para formar lideranças comunitárias que ficarão a cargo da gestão
dos projetos sociais na Cidade de
Deus, no Rio de Janeiro.
Cerca de mil jovens devem ser
beneficiados pelo programa, que
o governo batizou de Pacto Pela
Paz. Segundo o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz
Eduardo Soares, a escolha dos beneficiados será feita em parceria
com associações de moradores, lideranças culturais locais e com a
Cufa (Central Única de Favelas),
entidade de moradores de diversas comunidades cariocas.
Como contrapartida ao benefício recebido, os jovens terão de
participar de treinamento profissional, frequentar a escola, estudar como se faz a gestão de projetos sociais e repassar o conhecimento a vizinhos, além de ficar
afastados de atividades relacionadas ao tráfico. O dinheiro para as
bolsas sairá do Ministério da Assistência e Promoção Social.
Hoje já existe um programa
chamado "Agente Jovem", que dá
R$ 65 mensais para jovens de comunidades carentes que queiram
se especializar em gestão local. O
governo quer aplicar algumas
mudanças no programa para
transformá-lo no "bolsa-tráfico".
Uma das possibilidades é elevar
o valor da bolsa de R$ 50 para os
R$ 65 do programa já existente.
Após a concessão da bolsa, a associação de moradores, a Cufa e um
comitê gestor local vão acompanhar o jovem para fiscalizar se ele
não se envolve com o tráfico.
Ontem foi divulgado também
que a Cidade de Deus ganhará
uma fábrica de materiais esportivos, com verbas do Ministério do
Esporte. A fábrica, que segue modelo de programa já em uso em
penitenciárias, custará R$ 135 mil
e deve gerar 300 empregos diretos. O material produzido (bolas e
uniformes) será vendido para escolas públicas e outros clientes.
O coordenador do Pacto Pela
Paz, José Marcelo Zacchi, afirmou
ontem que as polícias estaduais
(Civil e Militar) atuarão em conjunto com a Guarda Civil municipal do Rio no combate à criminalidade no interior da favela. Os
policiais seguirão o modelo de
policiamento comunitário.
Um dos problemas que retardam o lançamento do projeto,
que só deverá acontecer depois do
Carnaval, é o temor de uma eventual migração de moradores de
outras localidades onde não haverá atendimento imediato. Ou seja,
o governo teme que moradores
de favelas vizinhas à Cidade de
Deus se desloquem, inchando o
número de atendimentos e inviabilizando o Pacto Pela Paz.
Texto Anterior: Brasília: Sucursal do jornal "Valor" é assaltada Próximo Texto: Resultados devem demorar a aparecer Índice
|