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São Paulo, quinta-feira, 20 de fevereiro de 2003

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GOVERNO FEDERAL

Moradores receberão R$ 50 por mês

Bolsa beneficiará mil jovens da favela carioca Cidade de Deus

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal pretende utilizar a "bolsa-tráfico", no valor de R$ 50 mensais durante seis meses, para formar lideranças comunitárias que ficarão a cargo da gestão dos projetos sociais na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro.
Cerca de mil jovens devem ser beneficiados pelo programa, que o governo batizou de Pacto Pela Paz. Segundo o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Eduardo Soares, a escolha dos beneficiados será feita em parceria com associações de moradores, lideranças culturais locais e com a Cufa (Central Única de Favelas), entidade de moradores de diversas comunidades cariocas.
Como contrapartida ao benefício recebido, os jovens terão de participar de treinamento profissional, frequentar a escola, estudar como se faz a gestão de projetos sociais e repassar o conhecimento a vizinhos, além de ficar afastados de atividades relacionadas ao tráfico. O dinheiro para as bolsas sairá do Ministério da Assistência e Promoção Social.
Hoje já existe um programa chamado "Agente Jovem", que dá R$ 65 mensais para jovens de comunidades carentes que queiram se especializar em gestão local. O governo quer aplicar algumas mudanças no programa para transformá-lo no "bolsa-tráfico".
Uma das possibilidades é elevar o valor da bolsa de R$ 50 para os R$ 65 do programa já existente. Após a concessão da bolsa, a associação de moradores, a Cufa e um comitê gestor local vão acompanhar o jovem para fiscalizar se ele não se envolve com o tráfico.
Ontem foi divulgado também que a Cidade de Deus ganhará uma fábrica de materiais esportivos, com verbas do Ministério do Esporte. A fábrica, que segue modelo de programa já em uso em penitenciárias, custará R$ 135 mil e deve gerar 300 empregos diretos. O material produzido (bolas e uniformes) será vendido para escolas públicas e outros clientes.
O coordenador do Pacto Pela Paz, José Marcelo Zacchi, afirmou ontem que as polícias estaduais (Civil e Militar) atuarão em conjunto com a Guarda Civil municipal do Rio no combate à criminalidade no interior da favela. Os policiais seguirão o modelo de policiamento comunitário.
Um dos problemas que retardam o lançamento do projeto, que só deverá acontecer depois do Carnaval, é o temor de uma eventual migração de moradores de outras localidades onde não haverá atendimento imediato. Ou seja, o governo teme que moradores de favelas vizinhas à Cidade de Deus se desloquem, inchando o número de atendimentos e inviabilizando o Pacto Pela Paz.


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