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São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2003

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JUSTIÇA SOB AMEAÇA

Eles têm semelhanças com retratos falados e portavam uma pistola de mesmo calibre da do crime

Presos 2 suspeitos de matar juiz

Edmir Rodrigues/"O Imparcial"
Os dois suspeitos de terem matado o juiz Antonio José Machado Filho são apresentados em Campo Grande


HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

A Polícia Civil prendeu em Campo Grande dois suspeitos de matar, na última sexta-feira, o juiz-corregedor de Presidente Prudente, Antonio José Machado Dias, 47. As prisões -por porte ilegal de armas- ocorreram no domingo. Edmar dos Santos, 24, o Quirino, e João Carlos Careaga, 26, foram indiciados pelo crime.
Os dois presos têm semelhanças com os retratos falados dos suspeitos da morte do juiz feitos pela polícia paulista. Com eles, foi encontrada uma pistola 9 mm, do mesmo calibre usado no crime.
Santos responde a 28 processos e afirmou, em interrogatório na polícia, ter sido condenado por homicídio. Ele também é processado por roubo, furto e porte ilegal de arma. Os dois disseram morar em Mato Grosso do Sul.
"Vamos fazer um exame de balística e tiramos as impressões digitais. Por enquanto são apenas suspeitos. Não é certo que sejam eles", afirmou o secretário estadual de Justiça e Segurança Pública, Dagoberto Nogueira.
De acordo com Nogueira, uma equipe da Polícia Civil de Presidente Prudente chegou ontem a Campo Grande para auxiliar nas investigações. O setor de relações públicas da Diretoria Geral de Polícia Civil não confirmou a viagem da equipe, mas informou que a pistola 9 mm tinha sido usada recentemente e será enviada a Presidente Prudente para teste de balística, o que pode comprovar se é a mesma arma usada no crime.
Santos e Careaga estavam no final da noite de domingo numa moto Honda na região central de Campo Grande. Quando avistaram um carro da Polícia Militar, que suspeitou de roubo, eles fugiram e jogaram as armas nas ruas.
O revólver calibre 38, segundo os depoimentos, pertence a Santos, e a pistola, a Careaga, que não tem passagem pela polícia.

Divergências
"Eu garanto que eles não têm nada a ver com a morte do juiz." Foi assim que o delegado-seccional de Presidente Prudente, Arnaldo Vicente Erani Gonino, descartou o envolvimento dos homens apontados como suspeitos pela PF. Segundo ele, testemunhas disseram ontem que não reconhecem os presos e foram categóricas em descartá-los. Fotos deles, encaminhadas pela PF, foram levadas às testemunhas.
Gonino afirmou que a Polícia Civil já tem 19 suspeitos pela morte do juiz. Todos são ex-presidiários ou foragidos de prisões paulistas. Além da comparação das fotos desses homens com os retratos falados, a polícia está confrontando 41 conjuntos de impressões digitais de criminosos com os oito colhidos no Fiat Uno branco utilizado no crime.
As dúvidas em torno dos suspeitos suscitaram divergências entre a Polícia Civil e a PF. Durante todo o dia, não se sabia se Careaga e Santos seriam ou não transferidos para Presidente Prudente, onde eles mesmos disseram ter estado no dia 10 -quatro dias antes da morte do juiz. Só no início da noite foi descartada a transferência da dupla.
Além dos suspeitos da execução do crime, a polícia ainda procura o mandante. Ontem, policiais do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) ouviram dois presos ligados ao PCC suspeitos de conhecerem detalhes do plano.

Colaborou o "Agora"


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