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Em Avaré, foi apreendido bilhete que informaria líder da facção sobre morte do juiz de Presidente Prudente
Contra restrições, PCC já atacou presídio
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
A penitenciária em que foi
apreendido o bilhete com referência ao assassinato do juiz-corregedor Antonio José Machado
Dias, a P1 de Avaré (262 km de
São Paulo), teve um funcionário
baleado no ano passado em atentado organizado pelo PCC (Primeiro Comando da Capital).
No dia 8 de abril, por volta das
14h30, o agente penitenciário Ronaldo Cain Zedan, 47, recebeu
quatro tiros na porta de sua casa
de um homem desconhecido. Zedan sobreviveu aos ferimentos.
De acordo com o delegado Sergio Lemos Oliveira, 44, da DIG
(Delegacia de Investigações Gerais) de Avaré, o crime foi planejado pela facção, em protesto contra o regime disciplinar diferenciado implantado na unidade,
que funciona como o CRP (Centro de Readaptação Penitenciária)
de Presidente Bernardes.
A polícia indiciou dois ex-líderes do PCC, que na época tinham
poder na facção, José Márcio Felício, o Geleião, e César Augusto
Roris da Silva, o Cesinha, além de
um advogado e outros dois presos. ""Foi uma represália contra o
regime na unidade", afirmou o
delegado, que está para concluir o
inquérito. O atirador nunca chegou a ser identificado.
Na mesma P1, na última segunda-feira, agentes penitenciários
apreenderam um bilhete destinado ao atual número um do PCC,
Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. Um dos trechos
da mensagem diz o seguinte: ""A
caminhada já foi feita. O Machado [nome do juiz] já era. É o caminho do câncer...". O texto, segundo a polícia e o Ministério Público, sugere um aviso sobre o êxito
do plano para assassinar o juiz.
O preso que assina o texto, Rogerio Simoni, conhecido como
Mangue, foi transferido ontem
para o Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), na capital. À polícia, ele
teria confirmado que escreveu o
bilhete, depois de ser avisado do
crime por um advogado. Os detalhes do que disse estão sob sigilo.
A polícia tenta saber se Marcola
ordenou a emboscada ao juiz. Por
enquanto, a mensagem interceptada não vale como prova para
acusá-lo, segundo a Promotoria.
O magistrado morto era responsável pelos detentos de sete
prisões na região, incluindo o
CRP de Presidente Bernardes,
que funciona em regime disciplinar diferenciado e abriga hoje
parte da cúpula da facção, mais o
traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar.
""O bilhete é a primeira coisa que
aparece na investigação envolvendo o PCC", disse ontem o delegado Godofredo Bittencourt, diretor do Deic, ao explicar que não
se pode confirmar ou descartar o
envolvimento da organização criminosa no assassinato.
Outro preso de Avaré, identificado apenas como José Luiz, está
prestando depoimento no DHPP
(setor de homicídios).
Os detentos da unidade de Avaré ficam isolados, sem direito a visita íntima, com banho de sol restrito e têm contato apenas com
pequenos grupos no pátio, diferentemente do que ocorre em prisões que adotam o regime disciplinar comum.
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