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60% dos abusos têm familiar envolvido
DA REPORTAGEM LOCAL
A criança brasileira é vítima de
abusos e da exploração sexual
praticados pelos próprios brasileiros e muitas vezes pela própria
família. A conclusão é do pediatra
Lauro Monteiro Filho, que trabalha nessa área há mais de 20 anos
e acompanhou 5.000 denúncias
recebidas pelo 0800 da Abrapia.
"Ficamos acusando os gringos e
nos esquecemos da família", ele
afirma. A observação vale para a
exploração sexual, que representa
37% das denúncias. Desses 37%,
69% se referiam à prostituição infantil, mas apenas 3% ao "turismo
sexual". "Ao longo dos seis dias
de Carnaval, só tivemos duas denúncias que se enquadram nessa
categoria, dois hotéis que ofereciam meninas para hóspedes estrangeiros", afirma.
Como especialista no assunto,
ele acredita também que a prostituição é provocada "pelo desejo
de consumo gerado pelas desigualdades sociais, não pela fome".
O maior problema, no entanto,
segundo ele, seriam os abusos sexuais, que representam 63% das
denúncias. Cerca de 60% delas
são praticadas dentro da família,
pelo pai, padrasto, tios ou avôs.
Os outros abusadores, no geral,
são vizinhos ou conhecidos. "O
predador é alguém que a criança
conhece, confia e ama."
Monteiro Filho faz uma série de
críticas à atual política de combate ao abuso e à exploração sexual.
"Dá-se mais importância às ações
policialescas, imediatistas, que
chamem a atenção da mídia,
quando deveriam primeiro tratar
de proteger a vítima e responsabilizar os culpados", diz. "Não sabemos sequer como agem e onde
agem os pedófilos, para podermos agir preventivamente."
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