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RIO
Segundo a perícia, bala que atingiu Gabriela Ribeiro, 14, saiu de arma usada para conter assaltantes; crime fará um ano
Tiro de policial matou jovem no metrô
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
O tiro que matou a estudante
Gabriela do Prado Ribeiro em
março do ano passado foi disparado pelo policial civil que trocou
tiros com assaltantes que roubavam a bilheteria da estação do
metrô de São Francisco Xavier
(zona norte do Rio). Ela tinha 14
anos e foi baleada no peito quando descia as escadas.
O crime fará um ano no próximo dia 25. Nesse dia, a família da
adolescente organizará uma missa na igreja São Francisco Xavier
(Tijuca, zona norte), que fica a
metros de onde ocorreu o fato.
O assassinato chocou o país. Era
a primeira vez que a estudante
saía de casa sozinha. Iria se encontrar com a mãe na estação
Saens Peña do metrô. Gabriela
descia as escadas, quando, ao perceber que havia um tiroteio, tentou retornar e foi atingida.
Responsável pelas investigações, o titular da 19ª Delegacia de
Polícia, Orlando Zaccone, disse
que o laudo balístico comprovou
que o tiro foi disparado pela pistola do policial civil Luís Carlos Carvalho que, na ocasião, estava de
folga. Ele acabou ferido.
"A bala que matou Gabriela era
de calibre .40, o mesmo usado pelo policial", afirmou Zaccone
Outra prova contra Carvalho,
de acordo com o delegado, foi o
laudo cadavérico, segundo o qual
o tiro foi disparado de cima para
baixo. Na ocasião, o policial estava fora da estação (em cima) e os
ladrões, dentro (embaixo). Um
outro policial civil que estava na
fila para comprar bilhete tentou
impedir a ação dos ladrões, mas
acabou desarmado.
Zaccone afirmou que o dono da
pistola calibre .40 poderá não ser
responsabilizado pelo crime se ficar provado que agiu em legítima
defesa. Caso não tenha agido com
cautela, deverá ser indiciado sob
acusação de homicídio culposo.
"Estamos investigando se o policial deu o tiro para se defender
dos assaltantes. Se ele viu o assalto
e começou a efetuar os disparos
sem ter cuidado, deverá ser punido", disse o delegado Zaccone.
O laudo balístico demorou a ficar pronto porque, na ocasião do
crime no metrô, a arma do policial Carvalho foi roubada pelos
assaltantes. Ela só foi recuperada
no início deste ano.
Os cinco ladrões que participaram do assalto foram presos.
Apesar de não terem efetuado os
disparos, quatro assaltantes foram condenados por homicídio
porque a Justiça do Rio entendeu
que o assalto provocou a morte da
adolescente. Um dos criminosos
ainda não foi condenado porque,
na época da sentença de seus
comparsas, ainda estava solto.
Zaccone disse que ouvirá os cinco ladrões, além de testemunhas,
para identificar se Carvalho agiu
em legítima defesa ou com imprudência. Ele informou que estuda ainda a possibilidade de realizar uma reconstituição do caso.
O pai de Gabriela, o psicólogo
Carlos Santiago, 46, disse nunca
ter dúvidas de que o policial efetuou os disparos. Afirmou não
crer que Carvalho tenha agido de
má-fé e sim por inexperiência.
"Eu não o perdôo, mas acho que
o policial foi vítima da falta de
treinamento na polícia. Ele não
poderia ter feito os disparos em
um local movimentado como
aquele com o risco de outros transeuntes serem atingidos."
Até a conclusão desta edição, a
Folha não havia conseguido localizar o policial Carvalho.
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