São Paulo, domingo, 20 de março de 2005

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"Eu não tocaria outros projetos sem essa garantia"

DA REPORTAGEM LOCAL

Ao embarcar para a Itália em julho para fazer pós-graduação em imunologia, a veterinária Juliana Lameirão quer deixar pelo menos uma dezena de óvulos congelados em uma clínica de reprodução em São Paulo.
Ela, que não tem problemas de fertilidade, ganhou o tratamento para estimulação ovariana de presente da avó. "O meu sonho desde pequena é ser mãe. Minha avó é uma mulher de cabeça bem aberta e entendeu isso."
Aos 27 anos, solteira e sem namorado, Juliana diz que decidiu congelar seus óvulos para viajar mais tranqüila. Porém, espera não precisar utilizá-los. "Quero encontrar a pessoa certa e engravidar naturalmente, é claro. O congelamento é só uma garantia", afirma. A seguir, alguns trechos da entrevista dada à Folha. (CC)

 

Folha - Como surgiu essa idéia de congelar óvulos?
Juliana Lameirão -
Sempre fui louca para ser mãe. Quando era criança, perguntavam o que eu queria ser quando crescer e eu logo respondia: mãe. Mas hoje tenho outras prioridades na vida. Formei-me em veterinária há dois anos, vou fazer a minha pós e meu doutorado na Itália. Antes dos 35 anos, dificilmente não haverá espaço na minha vida para ser mãe. Quando soube que poderia congelar óvulos, achei a idéia ótima. É uma forma que continuar tocando meus projetos sem ter a preocupação de que esteja ficando tarde para ser mãe.

Folha - Mas você sabe que ainda é um método experimental, que pode não dar certo quando você achar que seja a hora de ser mãe?
Lameirão -
Sim, eu sei , mas acho que vale a pena correr esse risco. Se não der certo lá no futuro, sei que pelo menos eu tentei.

Folha - Você também está ciente de que vai tomar hormônios para produzir mais óvulos, depois vai ter que fazer um procedimento invasivo para retirá-los. Vale a pena mesmo passar por isso?
Lameirão -
Vale. Eu não conseguiria viajar tranqüila e não tocaria os meus outros projetos se não tentasse ter essa garantia de que meus óvulos estarão preservados e que meu sonho de ser mãe será realizado.

Folha - O que sua família e seus amigos pensam disso?
Lameirão -
A reação foi de surpresa. Minha mãe e minha avó me apóiam. Meu pai [que é separado da mãe] ainda não sabe. Entre as minhas amigas, algumas acham que sou louca, outras acharam a idéia o máximo. Os mais refratários são meus amigos homens.


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