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Congonhas é apertado até em dia normal
Levantamento da Infraero mostra que, em momentos de pico, passageiro enfrenta "nível crítico" de conforto no aeroporto
Cada viajante, durante os períodos de grande movimento, tem somente 1,2 m2 na fila de check-in e 0,8 m 2 na sala de embarque
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é impressão sua, você
realmente está mal-acomodado. Nos momentos de pico em
dias de operação normal, cada
passageiro do aeroporto de
Congonhas, em SP, tem apenas
1,2 m2 de espaço na área de fila
de check-in e 0,8 m2 na sala de
embarque para se movimentar.
Quando o aeroporto fecha
por conta do mau tempo ou por
problemas no controle de tráfego aéreo, como ocorreu nos
últimos dias, o nível de conforto cai muito mais.
Esse espaço que cada passageiro tem em Congonhas na
área de embarque e check-in é
o mínimo aceitável de acordo
com os diferentes níveis recomendados pela Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo) para aeroportos.
Durante momentos de pico
de movimentação, o aeroporto
pertence, nessas áreas, ao chamado "nível D", o mais crítico.
Os dados são de um levantamento realizado pela Infraero
(Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária) em
2005, e que foi atualizado com
as áreas de hoje do aeroporto.
O estudo mostra também
que o tempo de fila para fazer
check-in em Congonhas aumentou. Em 2003, a velocidade de atendimento era de, em
média, 40 passageiros por hora. No final do ano retrasado (a
avaliação é que o quadro continua o mesmo hoje), era de 31
passageiros por hora.
O tempo médio na fila aumentou de 15 minutos para
19,5 minutos. O aumento, segundo a Infraero, se deve à mudança do perfil dos passageiros
do aeroporto: aumentou a
quantidade de viajantes a turismo, que levam mais malas e,
menos habituados do que os
executivos, demoram mais para fazer o check-in.
O percentual de passageiros
com bagagens, segundo o levantamento, aumentou de
60% para 70%.
As reclamações mais comuns
dos passageiros no aeroporto
são da falta de ar-condicionado
e dos freqüentes esbarrões na
área de embarque.
"Na fila do check-in sempre
passa alguém chutando a sua
mala. As pessoas esbarram
umas nas outras, há poluição
sonora e o ônibus que leva até o
avião fica muito lotado", diz
Cristiane Bof, 29, gerente de
projetos de informática.
"Há muito tempo que Congonhas já esgotou. Você sempre pisa no pé de alguém, ou pisam no seu pé", afirma Carlos
Barral, 59, advogado.
Por outro lado, os viajantes
destacam a boa localização do
aeroporto. Elogiam ainda a
melhora na sala de desembarque, que antes tinha 1.300 m2 e
passou a ter 5.250 m2.
O esgotamento de Congonhas é objeto de intensa polêmica no setor aéreo. De um lado, muitos defendem que o aeroporto não é utilizado para
sua finalidade original, ou seja,
vôos de curta distância.
Por outro, alguns especialistas e companhias aéreas dizem
que as reformas recentes foram mal feitas e que priorizaram a expansão de áreas de restaurantes e lojas, em detrimento da operação do aeroporto.
De qualquer forma, o desconforto é apenas a fase mais
visível do problema. Hoje, Congonhas é o mais movimentado
da América do Sul e, apesar de
a demanda de passageiros continuar crescendo de forma acelerada, seu limite é de 38 pousos ou decolagens a cada hora.
Soluções
Como solução para absorver
o crescimento no número de
passageiros, aponta-se a construção de um terceiro aeroporto em São Paulo, a construção
de uma terceira pista no aeroporto de Guarulhos e a ampliação do aeroporto de Viracopos,
localizado em Campinas.
Outra discussão é a retirada
de pelo menos uma parte das
conexões que atualmente são
realizadas no aeroporto.
"Tirar as conexões de lá é
uma possibilidade, mas isso é
competência da Anac [Agência
Nacional de Aviação Civil, que
regula o setor]. Sei que eles estão trabalhando pesadamente
em cima disso. Possibilidades
como retirar as conexões e os
vôos charter [fretados], entre
outras, estão sendo estudadas",
diz o presidente da Infraero, o
brigadeiro José Carlos Pereira.
Segundo ele, a ampliação de
Viracopos é encarada hoje pela
estatal como o melhor caminho
para resolver os problemas no
curto prazo. "A idéia da construção de um terceiro aeroporto é de longo prazo", afirma.
A escolha de um lugar para
um outro aeroporto, avaliou, é
complicada: depende de fatores
ambientais e do acesso, entre
outros pontos.
"Existe a região de Sorocaba
[interior de SP], da Baixada
Santista. O aeroporto de São
José dos Campos também está
lá, bastante ocioso, tem amplas
possibilidades."
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