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HABITAÇÃO
Governador afirma que invasões são um movimento político e nada espontâneo; para secretário, não houve abuso policial
Ação é "abril vermelho urbano", diz Alckmin
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador Geraldo Alckmin
(PSDB) classificou de "abril vermelho urbano" as invasões ocorridas em São Paulo, numa referência à mobilização do MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra). Desde a morte
de 19 sem-terra em Eldorado do
Carajás, em 1996, as ações do MST
são concentradas nesse mês.
Para Alckmin, as invasões de
ontem são um "movimento politiqueiro", "organizado", que "nada tem de espontâneo". "São
ações organizadas, para ocupar
lugar na mídia. Há uma logística
por trás de tudo, que inclui até
cesta básica aos participantes."
Alckmin considerou um "abuso,
uma provocação" o fato de os invasores terem ocupado também
uma instalação militar.
Ele disse que o Estado, nos seus
vários programas, está beneficiando 400 mil pessoas, com a entrega de quase 100 mil unidades
-a CDHU diz que serão 80 mil. Um dos programas é destinado para famílias
com renda inferior a um salário
mínimo e estudos estão sendo feitos para a erradicação dos cortiços do centro expandido.
Questionado se houve abuso
policial na ação contra os invasores, Alckmin disse que "não permitirá" nenhum tipo de abuso e
que os fatos "serão apurados".
Citando o MST, o governador
disse que os invasores estão ocupando "fazendas produtivas" e
que todas as ocupadas serão reintegradas. "Tudo isso poderia ser
evitado. As reintegrações são
sempre tensas", afirmou.
O secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, cotado para se candidatar à
sucessão de Marta Suplicy pelo
PSDB, também chamou a mobilização de "política". Ele acusou os
grupos de sem-teto de serem "inflados artificialmente".
"A quantidade de pessoas que
participam [das invasões] é muito
maior do que a que faz parte do
movimento", afirmou. "Quem está esperando na fila [dos apartamentos da CDHU] tem mais necessidade do que os invasores."
Abreu Filho disse que a invasão
de um quartel da PM foi uma
"tentativa de desmoralização" da
instituição. Ele declarou que
"eventualmente teve de ser usada
um pouco de força", mas negou
que tivesse havido abuso policial.
"Foram duas negociações. Fomos
no limite e usamos somente armas não letais, como bomba de
efeito moral", afirmou.
O secretário disse que a PM não
soube com antecedência sobre a
realização das invasões. Afirmou
que conseguiu retirar os sem-teto
ainda de madrugada porque as
equipes de plantão foram ágeis. A
pasta dele diz que foram usados
250 PMs para barrar as invasões.
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