|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Curador diz ter ficado chocado
e que havia restrição de idade
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
O curador de "Erotica", Tadeu
Chiarelli, se disse "completamente abismado, pasmo e confuso"
com a decisão de retirar a obra de
Márcia X da exposição. Ele foi informado pela produção da mostra, e não pelo CCBB.
"A questão poderia ser tratada
através de um diálogo, pensando-se no bem do público, mas uma
medida unilateral como essa me
deixa chocado", afirmou ele.
Segundo Chiarelli, foram repetidos no Rio os mesmos procedimentos adotados em São Paulo
quanto às restrições a menores de
idade e às orientações do programa educativo. "São mais de cem
obras, de artistas como Picasso,
Rodin e Picabia. A dimensão é
muito maior do que essa que estão querendo dar", disse, ainda
sem saber se fará algum tipo de
repúdio oficial à decisão.
Há dois anos, no mesmo CCBB
do Rio, o pintor Victor Arruda ganhou uma sala só para suas obras
de cunho erótico na mostra "Onde Está Você, Geração 80?". Era
proibida a entrada de menores.
"Sou contra as proibições, mas
entendi que, como minha obra
tem uma dose grande de agressividade, usando o sexo para denunciar a hipocrisia, pais poderiam não querer que seus filhos
vissem. Mas uma coisa é criar
uma sala especial, outra é proibir
o público de ver", diz Arruda.
Em 1998, uma exposição de Nelson Leirner no MAM carioca revoltou alguns espectadores: as
obras eram intervenções eróticas
em fotos de bebês da neozelandeza Anne Geddes. Os processos só
foram arquivados após dois anos.
"A obra [de Márcia X] está exposta há não sei quanto tempo, e agora alguém que quer aparecer vem
se queixar. Normalmente, é gente
que não entende de arte."
Texto Anterior: Opus Christi critica exposição "pornográfica" e obra "blasfema" Próximo Texto: Pasquale Cipro Neto: "Quer o senhor vender-mos?" Índice
|