São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 2006

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Curador diz ter ficado chocado e que havia restrição de idade

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

O curador de "Erotica", Tadeu Chiarelli, se disse "completamente abismado, pasmo e confuso" com a decisão de retirar a obra de Márcia X da exposição. Ele foi informado pela produção da mostra, e não pelo CCBB.
"A questão poderia ser tratada através de um diálogo, pensando-se no bem do público, mas uma medida unilateral como essa me deixa chocado", afirmou ele.
Segundo Chiarelli, foram repetidos no Rio os mesmos procedimentos adotados em São Paulo quanto às restrições a menores de idade e às orientações do programa educativo. "São mais de cem obras, de artistas como Picasso, Rodin e Picabia. A dimensão é muito maior do que essa que estão querendo dar", disse, ainda sem saber se fará algum tipo de repúdio oficial à decisão.
Há dois anos, no mesmo CCBB do Rio, o pintor Victor Arruda ganhou uma sala só para suas obras de cunho erótico na mostra "Onde Está Você, Geração 80?". Era proibida a entrada de menores.
"Sou contra as proibições, mas entendi que, como minha obra tem uma dose grande de agressividade, usando o sexo para denunciar a hipocrisia, pais poderiam não querer que seus filhos vissem. Mas uma coisa é criar uma sala especial, outra é proibir o público de ver", diz Arruda.
Em 1998, uma exposição de Nelson Leirner no MAM carioca revoltou alguns espectadores: as obras eram intervenções eróticas em fotos de bebês da neozelandeza Anne Geddes. Os processos só foram arquivados após dois anos. "A obra [de Márcia X] está exposta há não sei quanto tempo, e agora alguém que quer aparecer vem se queixar. Normalmente, é gente que não entende de arte."


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