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Oficial não sabe regras do ar, diz controlador
Presidente da associação dos controladores, Wellington Rodrigues disse que FAB realizou uma "caça às bruxas" contra a categoria
Procurada, a Aeronáutica não se manifestou; declarações foram feitas durante encontro em Istambul, na Turquia
LEILA SUWWAN
ENVIADA ESPECIAL A ISTAMBUL
O presidente da ABCTA (Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo),
Wellington Rodrigues, disse
ontem que o Comando da Aeronáutica promoveu uma "caça
às bruxas" contra a categoria e
que é preciso desmilitarizar o
setor porque os chefes são aviadores que "não entendem nada
da dinâmica" da atividade.
Além disso, indicou que o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva não estaria bem informado pela FAB da real situação da
crise. Disse que havia "indicações" de que um acidente aéreo
poderia acontecer antes da colisão entre o boeing da Gol e o
jato da ExcelAire, em setembro
do ano passado.
O comando da Aeronáutica
foi procurado por telefone, mas
não tinha se manifestado até a
conclusão desta edição.
Rodrigues, que é primeiro-sargento e atua como instrutor
e supervisor, fez as afirmações
em uma apresentação ontem a
cerca de 200 controladores de
vários países em Istambul, onde ocorre a conferência da Ifatca (Federação Internacional
das Associações dos Controladores de Tráfego Aéreo).
"Nossos chefes e superiores
são todos aviadores militares
que não entendem nada sobre a
dinâmica do controle de tráfego aéreo e muitas vezes tomam
decisões e dão ordens contraditórias às regras do ar. Mas, como somos militares, somos
obrigados a cumprir as ordens", disse Rodrigues.
"Precisamos profissionalizar
o serviço de controle de tráfego
aéreo no Brasil, e a única forma
é torná-lo civil", completou.
Ele descreveu a angústia e o
medo no Cindacta-1 (Brasília)
no dia do acidente. Controladores expressaram incredulidade
com as dificuldades e a estrutura militar.
Durante a reunião, a única
pergunta foi da delegação da
República Dominicana: "O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é o comandante das Forças Armadas? Qual foi o papel
dele nisso tudo?"
Rodrigues respondeu que o
presidente não está bem informado sobre a situação dos controladores. "O problema é que
quem passa as informações ao
presidente é a Força Aérea. Se o
presidente não fizer algo, vamos ter que concordar em negociar com os militares", disse.
"Os controladores brasileiros aguardam uma transição
para um órgão civil e o reconhecimento da profissão. Mas
o governo não demonstra urgência. Ao contrário, o comando militar começou uma caça
às bruxas, rastreando os representantes da categoria e punindo com transferências arbitrárias, prisão e até expulsão das
atividades", disse Rodrigues.
Ele confirmou a operação-padrão (seguimento estrito das
normas) e a instauração de três
IPMs contra ele, Edleuso Sousa
(diretor da associação) e Carlos
Trifilio (presidente da Federação Brasileira das Associações
dos Controladores de Tráfego
Aéreo) sobre o motim do dia
30. Rodrigues é também alvo
de investigação militar por
conta da operação-padrão realizada no fim do ano passado.
Ele disse também que o comando militar responsabilizou
os controladores pelas panes de
equipamentos durante a crise.
"Fomos publicamente massacrados e acusados de sabotadores", afirmou.
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