São Paulo, domingo, 20 de abril de 2008

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Mãe de Isabella tenta retomar a rotina

Ana Carolina Oliveira, 24, voltou ao trabalho de bancária, saiu com o namorado, visitou o túmulo da filha e evitou entrevistas

"As pessoas querem que eu faça escândalo. Não vai acontecer. Nada vai trazer minha filha de volta e eu quero seguir", disse

CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Enquanto a investigação sobre a morte de Isabella Nardoni é o assunto mais comentado do país, do noticiário às conversas informais, a família da mãe da menina se esforça para ficar longe das câmeras e voltar à rotina. Semana passada, Ana Carolina Oliveira, 24, retomou o trabalho de bancária, foi à missa, saiu com o namorado, visitou o túmulo da filha e negou os pedidos para gravar entrevista.
"Disse o que tinha a dizer e a quem devia dizer", comentou informalmente no quintal de sua casa, na quarta-feira, antes de seu depoimento à polícia se tornar público e os repórteres voltarem a fazer plantão na pacata rua José de Almeida, na Vila Gustavo, zona norte.
A opção de não dar entrevistas foi combinada entre todos os familiares, que se policiam para não ceder ao assédio da imprensa. Tanto Ana quanto seus pais, José Arcanjo de Oliveira e Rosa Oliveira, dizem acreditar na justiça de Deus e dos homens e estar satisfeitos com a dinâmica com que o caso tem sido tratado pela polícia.
Aos amigos, Rosa conta que em um curto espaço de tempo, levou os três maiores choques de sua vida. O primeiro, foi quando a avisaram que sua neta havia caído da janela do 6º andar. O segundo foi quando Alexandre Nardoni disse a ela que um ladrão a havia jogado e o terceiro foi quando vieram à tona as suspeitas de que o próprio pai jogou a menina. "Agora, não me choco com mais nada."
Ana conta que, às vezes, amigos e parentes se mostram revoltados e sugerem protestos. "As pessoas querem que eu faça escândalo. Isso não vai acontecer. Nada vai trazer minha filha de volta e eu quero seguir em frente", disse à Folha, firme, calma e com olheiras profundas que dão a volta nos olhos. "Só eu sei o que passa pela minha cabeça quando me deito."

Mural com fotos
Ela dividia o quarto com Isabella. As fotos da menina continuam no mural e os bichinhos de pelúcia na estante.
Na rua onde moram, quando não há câmeras, vizinhos tocam a campainha. Querem dar um abraço. A família sempre atende e retribui.
Flores e cartas não param de chegar. Ana Carolina diz guardar todos os bilhetes. Também ganhou livros, um deles dado pelo "tio da perua" de Isabella, que a visitou na semana passada para devolver a mensalidade paga adiantada.
Sr. Zé, como é conhecido o avô de Isabella, reabriu a loja de roupas no bairro, fechada na primeira semana. Ali também há peregrinação de amigos, mas normalmente só as funcionárias são encontradas.
A quem oferece ajuda, Rosa pede apenas "que rezem". Ela mesma diz que participa de grupos e correntes de oração. Na quinta-feira, os avós, os tios, Leonardo e Felipe, e Ana foram a uma missa do padre Marcelo Rossi. Na sexta, quando Isabella faria 6 anos, Ana foi ao cemitério Parque dos Pinheiros, no Jaçanã (zona norte).
No mesmo dia, os avós e Leonardo fizeram o mesmo trajeto. Foram seguidos por sete carros, dois helicópteros e três motos de reportagem, que chegavam a encostar as câmeras nos vidros fumê do carro.


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