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DANUZA LEÃO
Noiva pobre, marido rico
Será que ele abre uma conta em nome dela, dá cartão de crédito ou diz para mandar as contas para a secretária?
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CASAMENTO JÁ é difícil; casamento com marido rico, por
incrível que pareça, é mais difícil ainda.
Costuma caber à família da noiva
bancar o vestido, o enxoval e todas
as despesas. Afinal, um casamento é
um casamento, e existem a igreja, as
flores, a música, o vestido da mãe da
noiva, da irmã da noiva, da avó da
noiva, as damas de honra, e a festa
propriamente dita. E o champanhe,
claro. Se o noivo for rico e se oferecer
para bancar todas as despesas, fica
tudo mais fácil. Afinal, tem que fazer
bonito perante a família dele, os
amigos dele etc.
Mas depois da lua-de-mel começa
a vida real, e chega a hora de conversar sobre as despesas da casa. Falar
de dinheiro é sempre um estresse, e
entre apaixonados, pior ainda. Será
que ele abre uma conta no banco em
nome dela, dá um cartão de crédito,
ou diz para mandar as contas para a
secretária?
Ela precisa saber até quanto pode
gastar; será que ele diz? Assunto difícil, mesmo vindo de um marido. E
se ele não disser, será que ela pergunta? E se resolver passar num
shopping e comprar um vestidinho,
tudo bem, ou ele pode achar ruim?
Detalhe: quanto mais rico ele for,
pior. Se houver um teto para os gastos, ela pode achar que, diante da
fortuna dele, é pouco; se não houver
limite, ela pode sair gastando que
nem uma louca -afinal, quem nunca comeu melado etc. Ele vai ter que
dizer qual o limite, ela pode não gostar, aí já viu.
E em viagem? Um homem ao lado,
pagando cada conta, nem pensar; e
toda mulher precisa de um dinheirinho de bolso para comprar um chocolate, um batom, umas coisinhas
de farmácia, pagar um táxi. Será que
de manhã, na hora de sair, ele põe
uma nota de cem dólares na bolsa
dela, assim como quem não quer nada? Pedir ela não pede, mas se tiver
um cartão de crédito daqueles dourados, ou o mais mais de todos, o de
platina, pode ouvir um "vê lá se não
exagera nas compras, hein?" Detalhe: se gastar muito pouco é capaz de
ele achar que ela tem cabeça de pobre -é, tem homem assim. São raros
mas existem.
Digamos que o casal seja convidado para uma festa. Uma festa não é
só um lindo vestido: tem sapato, bolsa e jóias. Ela faz charme e diz que
quer comprar um vestido bem bonito para ser a mais linda da festa -para ele. Mas pergunta até quanto? E
homem lá sabe quanto custa roupa
de mulher? Uma complicação.
Outro problema: se ela -que é pobrinha- se casa com ele -que é rico-, como fica a família dela? O irmão, que nunca foi nem a Búzios,
passa a ter direito a férias em Nova
York ou continua a ter como sonho
de consumo ir a Porto Seguro, de
ônibus, passar uma semana? Um
terreno mais do que fértil para grandes embates: ou ela briga com o marido, ou o irmão briga com ela.
Ele pode dizer, cheio de razão, que se casou com ela, não com a família dela.
Mas na hora em que ele negar a seu
querido cunhado o que para ele seria
uma migalha, ela vai continuar no
mesmo bom humor?
Exceto nos romances, filmes e novelas, essa história de mulher pobre
que se casa com homem rico é muito
complicada; mas Deus é grande e o
final é sempre feliz -as mulheres
têm jogo de cintura e se habituam a
qualquer coisa na vida, até a um marido rico.
Difícil, mas difícil mesmo, é quando um homem pobre se casa com
uma mulher rica. Começa no namoro; na hora de pagar a primeira conta
do restaurante, quem puxa o cartão
de crédito?
danuza.leao@uol.com.br
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