São Paulo, domingo, 20 de abril de 2008

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Perspectivas da saída...

Comecei a fumar maconha aos 14 anos. Daí veio a bebida, a cocaína e, com 21, o crack. Foi quando assinei minha sentença. Estou aqui há três meses e seis dias. É a minha sexta internação. As outras foram em comunidades evangélicas. Nesses lugares, eu não conseguia nem parar para pensar na vida. Era só trabalhar para não pensar na droga. Agora tenho tempo para pensar, ler. Já li vários livros. O último que li foi "Marley e Eu". Senti saudades de meus cachorros -eu tinha um canil de schaunazer e lhasa apso. Aqui, o que sinto mais falta é dos meus cachorros. Depois, sinto falta da internet. Dos amigos... Eu só tinha uma amiga, estava isolada por causa da droga. Depois de quatro meses [de internação], espero cuidar bem dos meus cachorros e arrumar um emprego. A expectativa de sair me angustia. Aqui dentro, é mais fácil passar a vontade [de se drogar]. O lugar onde moro fica a 100 m de uma boca de crack. Cheguei ao fundo do poço e fui ainda mais embaixo, não quero mais essa vida. Quando sair da clínica, vou continuar com acompanhamento psicológico. No começo, vou morar na casa de meus pais. Minha família é estruturada, eles podem me ajudar. Também aprendi uma coisa: a pedir ajuda"
D.R.S., 25
ex-proprietária de canil

Fui internado por causa de bebida, contra a minha vontade, há três meses e uma semana. Minha família me trouxe para cá. Não queria ficar de jeito nenhum. Aos poucos, fui vendo que era melhor. Estou prestes a sair. Quero reconstruir minha vida. Perdi meu emprego, minha mulher foi embora. Eu a entendo. Agora, preciso ganhar de novo a confiança dela, arranjar um emprego, e poder cuidar de minha filha. Minha família está confiante, vou conseguir. Não tenho mais vontade de beber. Vou evitar contato com as pessoas e lugares que me levavam à bebida. Já tinha parado de beber antes, fiquei quase um ano "limpo", mas voltei. Agora sei que preciso do auxílio da terapia, dos medicamentos. E, também, evitar situações que me levavam ao vício C.J., 34
auxiliar de escritório


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