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"Autônomos" resistem a cooperativa
DA REPORTAGEM LOCAL
Everaldino Ribeiro de Sousa,
43, é o último catador a chegar ao
ferro-velho para pesar e vender o
material que coletou durante todo
o dia. São 18h, faz frio, e ele sua.
Acha que conseguiu 200 kg em
papel, ferro e papelão. Diz que ganha geralmente R$ 15 por dia.
A carroça é cedida pelo atravessador, e Sousa reclama que a balança "é viciada", mas resigna-se:
"E tem outro jeito?".
Há cinco anos, ele acorda às 6h,
pega o trem em Francisco Morato
(Grande SP) e vai até a Barra Funda (zona oeste de SP) para catar lixo. Assim sustenta os três filhos.
Mesmo achando que poderia
ganhar mais, o catador diz que
não pensa em entrar para uma
cooperativa. "Não é bom receber
por mês", justifica. O dono do ferro-velho, que não quis se identificar porque não tem alvará, reclama que, com a concorrência, o
preço dos produtos caiu.
Fábio Amorim de Almeida, 25,
e Maurício Severiano Duarte, 21,
vendem o papel que catam à noite
para o mesmo depósito, que fica
próximo a uma cooperativa de catadores. Eles conhecem o esquema, mas não querem se associar.
Ambos, que dizem ganhar até
R$ 80 por semana, querem deixar
a profissão. Almeida lembra que
trabalha nas ruas desde os 13; e
Duarte, desde os 11, ajudando a
mãe.
"Uma vez fui comprar um tênis
que custava uns R$ 200. Na hora
de fazer o crediário, não tive coragem de dizer que era carroceiro e
escrevi "depositário", que é quem
pega o papelão e vende logo para
quem recicla", conta Duarte.
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